Centro Social vai encerrar lar e direção pede a familiares de utentes que os vão buscar até sexta-feira

O pedido foi feito aos familiares dos 15 utentes da instituição de Salgueiro do Campo, em Castelo Branco, através de uma carta.

O Centro Social do Salgueiro do Campo, freguesia do município de Castelo Branco, vai encerrar o Lar de Idosos e a direção da instituição já endereçou uma carta aos familiares dos 15 utentes, pedindo aos mesmos que vão buscar os idosos até ao dia 31 de dezembro, ou seja, a próxima sexta-feira. No texto, cujo assunto é "Pedido de recolha ou recolocação do seu familiar noutra instituição", a que o Nascer do SOL teve acesso, é possível ler: "Como julgamos será do conhecimento de V. Ex.ª o Centro Distrital de Segurança Social de Castelo Branco proibiu, já há algum tempo, à nossa instituição a admissão de novos utentes na valência do lar, o que tem conduzido à significativa redução dos apoios recebidos, nossa principal forma de subsistência".

"Depois de termos feito tudo ao nosso alcance para que a referida decisão fosse revertida, quer junto da Segurança Social, quer da própria Câmara Municipal, não houve abertura para a resolução do problema, nem nos foi dada qualquer alternativa, isto apesar de ambas as instituições terem ficado perfeitamente cientes que o resultado inevitável seria o encerramento do Centro", foi escrito de seguida, sendo importante referir que, no final de janeiro deste ano, o jornal regional Reconquista noticiou que "o lar do concelho de Castelo Branco onde ocorreu um surto de covid-19 no final de novembro [de 2020], que provocou cinco mortos, não se encontra licenciado, situação confirmada ao Reconquista pelo Instituto da Segurança Social, que acionou um processo de contraordenação que ainda decorre". Na missiva, constata-se que "a situação [do encerramento] foi entretanto também reportada aos sócios na assembleia-geral, tendo a atual direção inclusive procedido à marcação de eleições para os órgãos sociais". Contudo, até ao momento, não foi apresentada qualquer candidatura.

"Esgotadas todas as hipóteses de resolução do impasse, não possuindo a instituição recursos financeiros ou humanos para poder continuar a desempenhar a sua função, apesar de o lamentarmos profundamente, vemo-nos obrigados a encerrar definitivamente a nossa atividade social, facto de que vimos notificar V. Ex.ª, agradecendo-lhe o facto de vir buscar o seu familiar à instituição ou proceder ao seu reencaminhamento para outra resposta social até ao próximo dia 31 de dezembro", foi esclarecido, tendo sido explicitado que, a partir desta data, a instituição deixará de "ter condições para assegurar qualquer tipo de apoio ou ajuda em virtude de se ver também obrigada a rescindir todos os contratos de trabalho e a encerrar portas".

A Beira Baixa TV, na sua página oficial do Facebook, divulgou que "alguns familiares foram apanhados de surpresa e transmitiram a dificuladde em conseguirem realojamento dos idosos, após contactos com Lares da região". A título de exemplo, partilharam alguns desabafos de familiares de utentes: "Fui hoje informada que, devido à demissão em bloco da direção do Centro Social, foi-nos pedido para ir buscar os familiares até dia 31 de dezembro, na próxima sexta-feira, pois o Centro vai fechar. A informação prévia foi a de que, caso o Centro Social encerrasse, a Segurança Social recolocaria os utentes, pois a mesma estaria a acompanhar o caso, desde que foi noticiado que o Centro Social seria um lar ilegal, facto que desconhecia quando coloquei o meu pai na Instituição", foi escrito ao órgão de informação anteriormente referido por um familiar. "Lamentavelmente e aparentemente não foi isso que aconteceu e, agora, tenho quatro dias para encontrar solução para o meu pai. Não existe uma única vaga nas dezenas e dezenas de instituições que já contactei. Como devem calcular fui apanhada de surpresa e estando a morar em Lisboa e sem condições para receber o meu pai, torna-se uma situação extremamente urgente. Acredito que para os outros familiares dos utentes será o mesmo".

É de lembrar que, a 24 de maio, o Observador noticiava que "só em 2020 e nos quatro primeiros meses deste ano foram identificados 917 lares sem condições ou licenciamento, são mais 129 do que os que estavam sinalizados no final do ano passado".