Vacinas contra a covid-19 podem ter evitado 17 mil mortes em 2021

Análise é feita por Carlos Antunes, que salienta que se trata de um exercício pois medidas poderiam ter sido diferentes se a vacina não estivesse disponível.

Sem vacinas, poderia ter havido mais 17 mil mortes associadas à covid-19 em Portugal em 2021. A estimativa é feita por Carlos Antunes, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Ao i, o investigador explica que se trata de um exercício para dar uma ideia do impacto de ter havido acesso à vacinação no segundo ano da pandemia, mesmo não protegendo de infeção ou de doença grave a 100%, e admite que caso isso não tivesse ocorrido as medidas poderiam ter sido diferentes. Ainda assim, assumindo que tudo se mantinha igual em termos de medidas e tendo por base a evolução dos contágios no grupo etário do 0-9 anos, o único que esteve praticamente todo o ano sem acesso à vacinação, bem como a redução da letalidade que se verificou a partir de maio, Carlos Antunes estima que se poderia ter chegado ao final de 2021 com um balanço de 38 mil mortes associadas à covid-19 desde o início da pandemia. No pico de mortalidade vivido no final de janeiro, a taxa de letalidade nos maiores de 80 anos chegou a ser 16% – por cada 100 casos diagnosticados eram confirmados 16 óbitos – sendo no final de outubro inferior a 4,5%. Já no caso dos maiores de 70 anos, era calculada em 11% no pico de mortalidade no inverno passado e atualmente é inferior a 2%, aponta. 

As taxas globais de letalidade do vírus permanecem por calcular e resultam também da evolução da testagem a nível mundial, muito diferente de país para país. Em Portugal, os meses com mais mortes foram janeiro e fevereiro de 2020, com quase 10 mil óbitos associados à covid-19, metade dos registados desde o início da pandemia. Nas comparações internacionais, o país chegou a registar há um ano o maior número de óbitos associados à covid-19 por milhão de habitantes e foi também dos países europeus que registou maior excesso de mortalidade global no último inverno. O mês com menos mortes associados à covid-19 desde o início da pandemia foi maio de 2021, com 49 óbitos. Atualmente o número de mortes associados à covid-19 é seis vezes inferior ao que se registava há um ano, embora com tendência crescente. Nas últimas semanas subiu a incidência de infeções na população mais velha, que mantém maior risco.