O adeus a Peter Bogdanovic, realizador de The Last Picture Show

O realizador chegou a entrar na série Sopranos, onde fazia de terapeuta da psicóloga de Tony.

O realizador responsável pela criação de filmes que marcaram a história do cinema, como The Last Picture Show, Paper Moon ou What’s Up, Doc, e por interpretar papéis como Elliot Kupferberg, o psicólogo da psicóloga de Tony Soprano, o americano Peter Bogdanovic, morreu, esta quinta-feira, de causas naturais na sua casa em Los Angeles. Tinha 82 anos.

Nasceu em Kingston, Nova Iorque, no seio de uma família de imigrantes em fuga dos nazis durante a Segunda Guerra Mundial, e começou a estudar para se tornar ator na prestigiada escola de Stella Adler. Apesar de ter começado a sua carreira enquanto crítico de cinema, Bogdanovic decidiu, à semelhança dos seus ídolos da Nova Vaga de cinema francês, como Jean-Luc Godard ou François Truffaut, que iria dedicar a sua vida a criar filmes.

Em 1966, mudou-se para Los Angeles com a mulher com quem era casado, na altura, a produtora Polly Platt, e, depois de algumas produções modestas, o realizador criou The Last Picture Show (1971), um filme que o catapultaria para a elite de Hollywood.

Este drama, que se passa em 1951, protagonizado por Timothy Bottoms, Jeff Bridges e Cybill Shepherd, é um olhar nostálgico sobre a vida de um grupo de estudantes de uma pequena e melancólica vila no Texas. O filme foi um sucesso enorme, com oito nomeações para Óscar, incluindo para melhor realizador, acabando por arrecadar duas estatuetas.

O jornalista e crítico de cinema, Peter Biskind, escreveu no seu livro Easy Riders, Raging Bulls, que, através deste filme, Bogdanovic “trouxe a honestidade europeia que era algo novo para o cinema americano”, cita a Variety.

Depois do sucesso comercial e crítico deste filme, o realizador iria trabalhar na comédia What’s Up, Doc? (1972), que contava com duas das maiores estrelas de Hollywood, Barbra Streisand e Ryan O’Neal, filme que acabou por se tornar no terceiro mais bem sucedido nas bilheteiras depois de The Godfather e The Poseidon Adventure.

Ainda nesta onda prolífica que marcou o início da sua carreira, Bogdanovic acabou por realizar Paper Moon (1973), filme protagonizado novamente pelo carismático O’Neal, e pela sua filha, Tatum O’Neal, com 9 anos na altura, também um grande sucesso crítico e comercial.

Apesar de ter cimentado rapidamente o seu estatuto em Hollywood, escândalos, nomeadamente por se ter envolvido com duas atrizes dos seus filmes, uma modelo da Playboy que acabou assassinada pelo seu marido, o realizador acabou por se afastar de Hollywood.

Nos últimos anos, Bogdanovic dedicou-se, à semelhança de contemporâneos como Martin Scorsese, à conservação do cinema e de filmes clássicos, sendo o projeto mais mediático onde esteve envolvido a série Sopranos, onde surgia como personagem recorrente e chegou a realizar um episódio.