Operação de Jerónimo de Sousa obriga-o a travar atividade

Líder teve de pôr pausa na campanha eleitoral, devido a uma operação de urgência a que vai ser submetido. Partidos desejaram as melhoras. 

Jerónimo de Sousa, líder do PCP, encontrou um obstáculo na campanha para as eleições legislativas de 30 de janeiro, e foi obrigado a colocar um travão nas atividades. Será o segundo secretário-geral do partido a realizar uma operação cirúrgica, após Álvaro Cunhal ter, em 1989, sido operado a um aneurisma, na então União Soviética.

“Face à necessidade de encurtamento da agenda” de Jerónimo de Sousa, conforme se pode ler no comunicado do PCP, o dirigente comunista reduziu a atividade, ontem, à participação no encontro com elementos das organizações representativas dos trabalhadores, em Matosinhos, ao início da tarde.

De resto, Jerónimo de Sousa teve de se resguardar, falhando um encontro com figuras intelectuais e elementos da área da cultura, no Porto, ao final da tarde, bem como uma sessão pública em Vila Nova de Gaia. 

Em causa está uma operação urgente “da estenose carotídea (à carótida interna esquerda), que não pode ser adiada para depois das eleições”, à qual será submetido na quinta-feira, e que obriga ao seu internamento nesta quarta-feira. Prevê-se, então, que “retome no final da próxima semana a sua intervenção política, nomeadamente na campanha eleitoral em curso para a Assembleia da República”. 

“Isto a vida tem destas coisas. Ter este sentimento de confiança de que mais uns dias e podem contar comigo para o bem e para o mal”, declarou Jerónimo de Sousa, à margem da referida ação de campanha eleitoral em Matosinhos.

O i ouviu um médico cirurgião que garantiu que, no dia 30, Jerónimo poderá estar fora do regime de internamento, ao mesmo tempo que, à RTP, o cirurgião cardiotorácico Manuel Antunes disse que Jerónimo de Sousa “vai estar retirado uns 10 dias, mas apenas em termos de recuperação e por cautela”.

A agenda comunista, no entanto, manter-se-á durante o internamento do seu líder, sendo “substituído pelos camaradas João Ferreira e João Oliveira, membros da Comissão Política e candidatos à Assembleia da República”. Aliás, João Oliveira vai mesmo ocupar o lugar de Jerónimo de Sousa no debate televisivo desta quarta-feira, frente a Rui Rio.

Reações instantâneas A notícia da pausa na campanha de Jerónimo de Sousa e do seu encontro com o bloco operatório espoletou mensagens de apoio da esquerda à direita. António Costa, por exemplo, em declarações aos jornalistas, afirmou que “obviamente é um momento triste para a campanha eleitoral quando um líder de um partido importante como o Partido Comunista Português por razões de saúde está impedido de prosseguir a campanha”, e desejou “as melhoras e pronta recuperação”.

Isto depois de o próprio Marcelo Rebelo de Sousa ter também enviado uma mensagem de apoio a Jerónimo de Sousa, bem como Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda, que recorreu ao Twitter, onde escreveu: “Desejo uma rápida recuperação a Jerónimo de Sousa. Espero vê-lo em breve na campanha.”

Nas redes sociais, também os líderes à direita desejaram as melhoras ao líder comunista, entre eles Rui Rio, que não levantou problemas ao facto de se enfrentar a João Oliveira no debate desta quarta-feira, desejando “sinceramente”, que a intervenção cirúrgica a que vai ter de se submeter “corra bem e que a sua recuperação seja rápida e plena”.

Já Francisco Rodrigues dos Santos lamentou a situação de saúde que Jerónimo de Sousa está a viver e desejou-lhe uma rápida recuperação e o seu regresso à campanha.” Também João Cotrim Figueiredo desejou a Jerónimo de Sousa “as rápidas melhoras e um bom restabelecimento”.