Lisboa pode já estar a baixar o número de infeções

Número de diagnósticos começa a descer em Lisboa, onde a explosão de infeções associada à variante Omicron começou mais cedo.

O número de diagnósticos reportados na região de Lisboa começou ontem a dar sinais de descida, o que a confirmar-se pode significar que será a primeira região a passar o pico de infeções, tendo sido também aquela onde a variante Omicron se disseminou mais cedo no final de novembro. No resto do país há uma travagem significativa esta semana no aumento de diagnósticos mas ontem ainda permaneciam superiores aos sete dias anteriores.

A nível nacional, com os diagnósticos reportados até esta quarta-feira, a incidência situa-se nos 3600 casos por 100 mil habitantes, calculou o i a partir dos boletins da Direção Geral da Saúde.

Em Lisboa, a incidência atingiu o recorde de 4200 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, com mais de 157 mil novos diagnósticos reportados nas últimas duas semanas. No Norte, a incidência situa-se nos 3700 novos casos por 100 mil habitantes, com 135 mil novos diagnósticos nos últimos 14 dias. Na região Centro, Alentejo e Algarve situa-se entre 2000 e 2500 casos por 100 mil habitantes, tendo havido uma progressão mais tardia da variante Omicron – o Algarve foi a região onde a variante Delta se manteve a circular mais tempo, revelaram os especialistas na reunião do Infarmed.

Com esta evolução, falta a agora perceber o impacto da abertura das escolas e do setor noturno, que reabre esta sexta-feira à noite. A expectativa é que mesmo havendo um aumento de casos, não tenha a mesma força do aumento exponencial de infeções que se viveu desde que a variante Omicron começou a circular. Ainda assim, as projeções apontam que o vírus continue a circular com maior intensidade ao longo de janeiro, o que até aqui tem sido ligado a um menor rácio de mortalidade e internamentos por covid-19 do que em qualquer outra vaga da pandemia.

45% dos portugueses infetados O Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde da Universidade de Washington, que estima que mais de metade dos europeus poderão vir a ser infetados este inverno, projeta que em Portugal, pesando o elevado reforço de vacinação e uso de máscara, poderá ficar-se um pouco aquém disso. Ainda assim, indicou ao i Christopher Murray, diretor do instituto, a projeção que fazem é que com o país a atingir o máximo de infeções esta semana, perto das 200 mil dia se se tiver em conta assintomáticos que nunca são detetados, cerca de 45% da população portuguesa poderá contrair o vírus até ao final de março. Só esta semana, as projeções do IHME são de que mais de um milhão de portugueses poderiam ser infetados. Note-se que os casos são diagnosticados sempre com algum desfasamento em relação ao momento de infeção, quer pelo período de incubação da doença quer pelo próprio tempo de diagnóstico.

Nos hospitais, onde a afluência às urgências e o número de pessoal infetado têm sido dos maiores constrangimentos, o panorama de doentes internados com covid-19 está bastante distante do que se vivia há um ano. A 13 de janeiro de 2021, Portugal tinha 4240 doentes com covid-19 internados nos hospitais, 596 em cuidados intensivos, e o número de doentes hospitalizados estava a subir a pique – chegariam aos 7 mil, quase 900 em UCI com covid-19. Atualmente há 1699 doentes com covid-19 nos hospitais, mas como o i noticiou esta semana, uma parte significativa são pessoas internadas por outros motivos e que testaram positivo para a SARS-Cov-2. Há um ano registavam-se 150 mortes diárias por covid-19. A mortalidade aumentou nos últimos dias mas tem sido até aqui sete vezes inferior ao que se vivia na altura com outras variantes da covid-19 e com a vacina a iniciar-se no grupo dos maiores de 80.