Arqueólogos localizam um crânio ibérico na muralha romana de Olèrdola

Entre os materiais encontrados, destaca-se também uma lança utilizada pelas tropas romanas no contexto da Segunda Guerra Púnica, que ocorreu 218-202 a.C.

Uma equipa do Museu de Arqueologia da Catalunha (MAC) encontrou numa das torres da muralha romana de Olèrdola, em Barcelona, um crânio do período ibérico.

A descoberta data de cerca do século III a.C. e provém de uma prática ritual da qual não há registos na tribo a que pertencia. O que um estudo preliminar estima é que corresponderia a um jovem, entre 18 e 25 anos.

Também, entre os materiais encontrados, destaca-se ainda uma lança utilizada pelas tropas romanas no contexto bélico da Segunda Guerra Púnica (218-202 a.C.).

Esta descoberta soma-se aos poucos restos humanos existentes desta época que possibilitam a realização de estudos genéticos. Segundo o MAC, esta é “uma das amostras essenciais para conhecer as origens dos grupos humanos que viveram na Península Ibérica entre os séculos IV e I a.C.”.

O crânio foi encontrado a meio uma escavação do MAC no ano passado, de forma “totalmente inesperada”.  Nunca antes em Olèrdola, nem no plano ibérico ou romano, apareceram vestígios deste tipo. Segundo os arqueólogos, é a parte anterior de um crânio dividida em cinco fragmentos.

Os arqueólogos estimam que a "natureza excepcional" da descoberta é maior do que o estimado, porque os rituais praticados pelos ibéricos não permitiam a conservação do material genético. Com exceção da Catalunha, a exposição de restos humanos não ocorreu em nenhum outro território da península, que teria sido povoado pelos ibéricos.

Esta descoberta revelou ainda que, no final do século III a.C., a torre ibérica foi vítima de severa destruição, pois parte da viga caída e carbonizada foi localizada nos escombros, bem como algum outro elemento de mobiliário, também calcinado. 

O abundante achado de loiças, cerâmicas comuns e ânforas, bastante completas, indica também que a torre foi rapidamente abandonada, sem tempo para recolher ou levar o que havia no seu interior. 

A estrutura sofreu um incêndio e desabou, deixando assim o espaço vedado. Tanto a posição em que os restos apareceram como a sua fragmentação sugerem que a cabeça terá sido colocada em posição elevada e que durante o colapso da torre, quebrou e os restos foram finalmente enterrados nos escombros.

O crânio fraturado será incluído na exposição 'O Enigma Ibérico. Arqueologia de uma civilização’, no próprio Museu de Arqueologia da Catalunha, em Olèrdola.