Líderes corrigem táticas nos frente-a-frentes

Todos os líderes afinaram estratégias e corrigiram erros da primeira para a segunda série de debates televisivos. Francisco Rodrigues dos Santos, pela assertividade e combatividade, destacou-se. Como Rui Tavares, pela correção das prestações e pela consistência argumentativa.Mas os holofotes centraram-se no confronto entre Costa e Rio.

Líderes corrigem táticas nos frente-a-frentes

Por Henrique Pinto de Mesquita, José Miguel Pires e Joana Mourão Carvalho

Rui Rio /F. R. dos Santos ‘Se não quiserem votar no PSD, podem votar no CDS’

Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos estiveram frente a frente, como dois irmãos reencontrados, como duas faces da mesma moeda, uma mais conservadora do que a outra, mas aliados.

«Se não quiserem votar no PSD, podem votar no CDS». Assim concluía Rui Rio a sua participação no debate, ilustrando a convergência entre estes dois partidos. Mas houve discórdia, lá está, como há sempre entre irmãos. Quando se falava sobre quem seria o responsável se não houvesse uma maioria de direita, o líder do CDS atacou o presidente do PSD por defender a regionalização, frisando que é contra «mais tachos e mais corrupção». «Se for isso que está a dizer estamos de acordo», sorriu Rio, depois da afirmação de Francisco Rodrigues dos Santos.

O tema da eutanásia, no entanto, trouxe ao de cima uma diferença «gigantesca» dos dois partidos. «O PSD é contra a eutanásia, o CDS é contra a eutanásia», disse Rio, reiterando: enquanto o «CDS impõe liberdade de voto, o PSD dá liberdade de voto». Rodrigues dos Santos afastou a hipótese de «negociar o valor da vida», criticando Rio por ter votado contra o referendo à eutanásia.

Rui Rio / Rui Tavares ‘O programa do PSD acredita em milagres’

A distância entre o líder do PSD e o líder do Livre foi notória ao longo de todo o debate entre os líderes destas duas forças políticas – literalmente, porque Rui Rio participou no debate desde os estúdios da RTP em Gaia, ao passo que Rui Tavares estava em Lisboa.

Dois ‘extraterrestres’ nos seus respetivos mundos ideológicos, o debate deu azo a acesa discussão e choque de ideias em áreas como a fiscalidade, salários e desemprego.

Para o líder do PSD, a proposta de Tavares relativa ao subsídio de desemprego para quem se despeça por livre e espontânea vontade é «absolutamente surrealista» e caricaturou: «Quer dizer: eu tenho emprego, posso estar a trabalhar, mas aborreci-me, quero ficar em casa. E então despeço-me. E aí o Livre diz: se se despede também recebe subsídio de desemprego».

Rui Tavares não gostou, pediu para não ‘fazer caricaturas’… isto, no mesmo debate onde disse que, apesar de Rio ter garantido que não era crente, «o programa do PSD acredita em milagres». O líder do Livre falou, ainda, da proposta de ‘Eco-Geringonça’.

I. Sousa Real / António Costa ‘O PAN foi o único partido que não contribuiu para esta crise’

Tal como dois amigos que se encontram para tomar um café e falar sobre a vida, António Costa esteve frente a frente com Inês Sousa Real, do PAN, o único partido que se colocou do lado do PS na altura de ‘evitar’ uma crise política.

Mas até as amizades mais fortes têm pontos fracos. Por cá, é sobre o aeroporto de Lisboa. A discussão levantou voo, sobretudo quando se falou sobre a localização do mesmo. Para a líder do PAN, é necessária uma nova avaliação de impacte ambiental com a opção de Beja, conciliada com uma aposta na ferrovia.

Já António Costa continua a apostar no Montijo, e realça que não são ainda conhecidos os resultados da avaliação de impacto ambiental pedida aí, bem como em Alcochete.

De resto, a líder do PAN criticou o Executivo de António Costa no âmbito da luta contra as alterações climáticas, dizendo que podia ter feito mais, sobretudo na distribuição das verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PPR).
António Costa, por sua vez, reforçou o interesse económico nacional no lítio, salvaguardando a segurança das populações.

António Costa / F. R. dos Santos ‘O PS tem uma visão plural da família’

O confronto de domingo à noite entre António Costa, líder do PS, e Francisco Rodrigues dos Santos, do CDS, tornou-se num dos mais vistos de sempre. Tendo sido acompanhado por um total de 2,2 milhões de telespetadores.

Como era de esperar, o debate foi parar à Saúde, levando Francisco Rodrigues dos Santos a acusar António Costa de, neste campo, «colocar a ideologia à frente dos doentes». Além disso, o líder centrista propôs a criação do «via-verde saúde», que defende que os utentes que ultrapassaram o tempo de espera nos públicos possam ser atendidos nos privados. Já Costa salientou não bastar haver «instalações ou camas», explicando a necessidade de «haver pessoal».

Debateram também a Educação, com Rodrigues dos Santos a acusar o PS de ter «rasgado os contratos de associação». Costa retorquiu, afirmando que «ninguém acabou com a iniciativa privada» nem com os «contratos de associação em que havia oferta pública». 

Tempo ainda para a ideologia de género, com Rodrigues dos Santos a afirmar que esta é a «porta aberta para o totalitarismo».

André Ventura / J.C. Figueiredo 'Os betos do Príncipe Real’

João Cotrim de Figueiredo e André Ventura defrontaram-se na noite de domingo. Ambos de direita, mas em espectros políticos diferentes: Ventura da Direita musculada, Cotrim da Direita liberal. Apesar de pertencerem a duas direitas diferentes, o facto de se tratarem por ‘tu’ evidenciou haver uma certa intimidade entre ambos, que se sentam perto no hemiciclo da Assembleia da República. Tal aproximação não teria causado  estranheza, não fosse Cotrim de Figueiredo, a meio do debate, ter começado a tratar André por ‘você’, dando a entender teatralização política da sua parte. Entre os tópicos a debate, surgiu a TAP, com a Iniciativa Liberal a defender a sua privatização e a acusar o Chega de mudar de posição quanto ao assunto (eram contra, agora são favoráveis). Ventura, por sua vez, criticou a bolha que diz a IL representar, acusando-a de serem «os betos do Príncipe Real» que «querem ser cool». «Tão modernaços» – diz Ventura – que votam contra o «aumento das penas por corrupção», trazendo à baila os nomes de José Sócrates, João Rendeiro ou Vale e Azevedo.

Rui Tavares / Inês Sousa Real ‘O Livre acredita na medicina baseada na ciência’

Livre e PAN seriam duas esquerdas facilmente confundidas. O debate terá servido precisamente para esclarecer os eleitores. Rui Tavares foi perentório na separação das águas, procurando a clareza que diz ser importante nestas eleições: «Vimos de uma tradição política que não é da via do animalismo mas sim da ecologia social e política». 
Tavares aproveitou ainda para espetar a agulha ao PAN, notando que o Livre «acredita na medicina baseada na ciência» e não em medicina alternativa, como «homeopatia ou outras terapias não convencionais». 

Perante isto, Inês Sousa Real afirmou que a regulamentação das medicinas alternativas fora aprovada no Parlamento em 2013, «ainda o PAN não estava sequer» lá. Estando aprovada a regulamentação, o PAN só quer «concretizá-la», rejeitando serem «negacionistas da ciência». Daí, Inês Sousa Real saltou para um elogio rasgado ao SNS. Por fim, assinalou a presença do «porco na sala», ou seja, «impacto que a pecuária tem nas alterações climáticas».

C. Martins / Inês Sousa Real ‘O BE estendeu a passadeira ao crescimento de forças populistas’

Catarina Martins e Inês Sousa Real não deixaram para o fim do debate as acusações mais ‘picantes’, começando logo o frente-a-frente a tentar empurrar uma para a outra o rótulo de quem se colou mais à direita. Se o PAN, por abrir a possibilidade de formar Governo com os partidos da direita, como acusou Catarina Martins, ou se o BE, ao permitir a criação de uma crise política no país e «estender a passadeira a forças populistas e antidemocráticas», conforme acusou Inês Sousa Real. A líder do PAN realçou a ‘confusão’ de Catarina Martins, defendendo, novamente, que o PAN é um partido progressista e sem lugar no espetro esquerda-direita da política. Mas há limites, e o do partido ambientalista é claro: faz Governo com todos, menos com o Chega, que acusa de ser populista e antidemocrático.

Mais, ao longo do debate, Catarina Martins acusou a ‘indecisão’ do PAN no espetro político, e Sousa Real foi respondendo que o partido o partido«não se limita» a esses termos.

A líder do PAN acusou também o Bloco de «atirar a toalha ao chão» e «faltar ao país» ao vontar contra a proposta do OE2022. 

Falou-se também das taxas e ‘taxinhas’, e Catarina Martins recusou-se a apoiar sistemas «em que as taxas penalizam bens essenciais», relativamente ao facto de o BE ter votado duas vezes contra a proposta da taxa ambiental sobre o carbono do PAN, em sede de Orçamento do Estado.

Rui Rio / J.C. Figueiredo ‘Temos tanto socialismo e Estado em cima de nós…’

Entre Rui Rio e João Cotrim Figueiredo até podem haver determinadas diferenças nos planos para o país, mas tanto o líder do PSD como o líder da IL parecem estar num caminho de convergência, e o frente-a-frente entre ambos foi prova disso.

Rio já tinha deixado aberta a porta a formar Governo com os liberais, e, frente a Cotrim Figueiredo, reiterou essa intenção, até para livrar o país do socialismo e do Estado excessivos, segundo apontou. Mas, claro, com ressalvas. 

O líder social-democrata acusou a ‘pressa’ dos liberais, e rapidamente Cotrim Figueiredo retorquiu, acusando o partido laranja de falta de ‘urgência’ em encontrar soluções para o país, e para o ‘ciclo de pobreza’ que dura há  20 anos.

O líder da IL acusou ainda Rio de estar a fazer uma «campanha eleitoral prudente, tentando não desagradar a ninguém», criticando a falta de ‘ambição’ do líder social-democrata, e uma oposição do PSD na anterior legislatura ‘intermitente’.

A IL voltou a sofrer críticas pela sua proposta de flat tax, afirmando Rio que, caso esta proposta avançasse, poderia resultar num buraco orçamental «de todo o tamanho» e numa «grande injustiça». Mas Cotrim Figueiredo ‘tranquilizou-o’, garantindo que os liberais são ‘responsáveis’ nestas propostas fiscais, que, defendeu, produzem crescimento económico.

Rui Tavares / F. R. dos Santos ‘O programa do Livre é uma fábrica de impostos’

Francisco Rodrigues dos Santos e Rui Tavares representam, respetivamente, duas pontas opostas do espetro político. Por um lado, o líder do CDS acusa o programa do Livre de ser «uma fábrica de impostos» e, claro, não deixou de fora as polémicas em torno de Joacine Katar Moreira no Parlamento. «É um Joacinismo que continua no Livre. Embora a Joacine tenha saído do Livre, o Livre não sai da Joacine», acusou Rodrigues dos Santos.

Sobre o dito ‘Joacinismo’, Tavares retorquiu, relembrando que o CDS levou ao Parlamento o caso de duas professoras da tele-escola que usaram um vídeo seu numa aula de história. «Não teria orgulho de, na Assembleia da República, ter feito uma pergunta parlamentar que basicamente foi se meterem no trabalho e perseguirem duas professoras da telescola», atacou.

Rui Tavares, por sua vez, acusou o líder centrista de instigar uma ‘guerra cultural’, e de fazer da ideologia de género um ‘bicho papão’, e Rodrigues dos Santos respondeu, dizendo que o ‘laicismo radical’ é uma forma de intolerância religiosa. O líder centrista acusou também Rui Tavares de «comunismo puro e duro», relativamente à proposta do Livre para limitar os prémios que as empresas podem dar aos seus acionistas. Mais, o líder centrista comparou Rui Tavares a Arnaldo Matos, em tempos do PREC, parecendo que «o Livre se tornou no PCTP-MRPP».

A. Costa / Catarina Martins ‘Há dois Blocos, o que (…) é muito mel, e o que (…) é muito fel’

Tal e qual dois ex-namorados que estão longe de reatar relações, António Costa e Catarina Martins estiveram frente a frente a debater, afinal, quem é o culpado pelo chumbo do OE2022.

Muito fel e pouco mel, acusou Costa, acusando o BE de votar «para parar e não para avançar», culpando a bloquista de se colar à direita e à extrema-direita no chumbo do Orçamento de Estado. «Há dois Blocos, o que aparece na campanha, que é muito mel, e o que está na Assembleia da República, que é muito fel», disse, ao que a bloquista retorquiu que o PS sempre pôde contar com o BE, incluindo durante a pandemia, recordando que foi o único partido de esquerda que viabilizou sempre os estados de emergência e o Orçamento Suplementar.

Mais, Catarina Martins identificou também ‘mel e fel’ no Governo socialista quando este promete e depois não concretiza, aludindo à inoperância do Executivo de Costa em matéria de Saúde, um dos pontos de divergência no OE2022. «Bem sei que agora vem exigir a maioria absoluta, mas não vai ter», atirou a bloquista durante o debate, dizendo que esse desejo do PS é um obstáculo à estabilidade e ao crescimento económico do país. Costa não hesitou, e respondeu: «Não faço chantagem, não sou o professor Cavaco ele é que disse ‘se não me derem a maioria absoluta vou embora’».

F. R. dos Santos / A. Ventura ‘O CDS é a bengala rejeitada do PSD’

O debate entre Rodrigues dos Santos e Ventura não foi apenas entre Rodrigues dos Santos e Ventura. Foi o debate entre duas direitas: a direita humanista e direita musculada. 

A primeira surpreendeu pela eficácia, deixando Ventura nervoso como poucas vezes visto. O antídoto utilizado por Rodrigues dos Santos – berrar mais alto que Ventura – seria considerado de mau tom em qualquer regime democrático; contudo, parece ter surtido efeito. Corporizando Popper, Rodrigues dos Santos foi a debate mostrar-se intolerante à intolerância de Ventura.

Num tom agressivo – quais galos bravos – digladiaram-se de forma genuína. Ali, mais do que visões políticas em debate, estavam homens engalfinhados a lutar pelos da Direita. Apesar de poucas ideias se terem concretizado – corrupção para ali, ideologia de género para acolá –, parece ter ficado claro que CDS e Chega são como azeite e água: não se misturam. Não só pelas ideias, que são diferentes, como pelos seus líderes – que claramente não colhem simpatia mútua. 

Visto que as ideias ficaram na antecâmara dos estúdios, os telespectadores puderam divertir-se coma uma autêntica luta de ringue entre os dois, com Ventura a acusar o líder do CDS de ser «um menino mal preparado» e este a acusar o líder do Chega de ser «o quarto pastorinho de Fátima».

João Oliveira / Rui Rio ‘O projeto do PCP levaria à ruína económica’

Há todo um mar de divergências entre o PSD e o PCP, e o debate televisivo entre estas duas forças políticas foi uma ilustração clara disso mesmo. Os dois líderes só convergiram num ponto: António Costa e a sua governação do país. 
João Oliveira, que ocupou o lugar de Jerónimo de Sousa, uma vez que o líder comunista teve que ser operado de urgência na quinta-feira, disse que «hoje já ninguém tem dúvidas» de que o PS «estava convencido» de que ao provocar uma crise teria maioria absoluta. «Fez tudo o que podia para ir a eleições», declarou.

À boleia do deputado do PCP, o líder social-democrata aproveitou para atacar Costa: «Subscrevo aquilo que o PCP diz. Quando o PS se meteu nas mãos do PCP sabia perfeitamente qual é a lógica de funcionamento do PCP, um partido coerente». 

Oliveira colou ainda o PSD ao PS. «Em que é que o PSD pode ser alternativa ao que hoje temos? Não pode», disse, defendendo que o aumento do salário mínimo é «uma emergência nacional».

Rio, por sua vez, atirou: «O projeto do PCP levaria à ruína económica», questionando como se devolve a robustez económica ao país quando se «quer sair do Euro, da União Europeia, dissolver a NATO, a nacionalização dos setores estratégicos, restringir o capital estrangeiro».

Rui Rio / António Costa ‘[A TAP] é companhia de bandeira espanhola ou de outro país qualquer’

Realizou-se, na noite de quinta-feira, aquele que todos apontavam como o debate mais importante de todos os 30 frente-a-frentes entre líderes dos partidos com representação parlamentar e candidatos à Assembleia da República.
De um lado, António Costa, primeiro-ministro desde 2015 e líder do PS, à procura de uma maioria absoluta na Assembleia da República. Do outro, Rui Rio, líder do PSD, decidido a colocar um ponto final à governação socialista de Portugal, que dura há seis anos, e que encontrou uma abrupta pausa após o fim da denominada ‘geringonça’ com o BE e o PCP. No Cineteatro Capitólio, num debate conduzido por jornalistas (muito interventivos) da RTP, SIC e TVI, Costa e Rio estiveram frente-a-frente, trocando acusações, críticas e propostas para o país, nos diferentes setores.
Costa serviu-se da ‘moda’ das fotocópias de manchetes de jornais, e começou o debate com uma do Expresso em mãos, onde se lê que, em 2015, o PM diz que disse que «se a direita fosse minoritária, faríamos tudo para uma negociação». Acontece que a frase está efetivamente nessa notícia, e é associada a Costa, mas não foi dita em on. Terá Costa revelado a fonte da notícia? 

Um dos temas mais ‘quentes’ do debate foi a injeção de 3.200 milhões de euros na TAP, que Rui Rio criticou fortemente, considerando mesmo a situação toda de ser ‘indecente’. O líder do PSD defendeu que a companhia não devia ter sido nacionalizada, e que os valores gastos na empresa pelo Estado não são «aceitáveis».
Rio valeu-se de um exemplo prático, e foi à ‘cábula’. Argumentou que uma viagem entre Madrid e São Francisco, com escala em Lisboa, ao serviço da TAP, fica a 190 euros para quem embarca em Madrid, e a 697 euros para quem embarca em Lisboa. A TAP, acusou Rio, «é companhia de bandeira espanhola ou de outro país qualquer, isto é revoltante».

Sobre o assunto, o líder do PSD não hesitou em assumir os seus projetos, caso chegue ao lugar de primeiro-ministro: «A meta é fácil, o mais depressa possível, mas não é amanhã, porque assim vou vender mal».

Costa, por sua vez, refutou as acusações de Rio, garantindo que, se não fosse pela intervenção do Estado, a TAP não teria sido ‘salva’. Ainda assim, quando questionado sobre se o Estado viria a injetar ainda mais capital na TAP, se assim for preciso, após acabarem os 3.200 milhões de euros agora gastos, o primeiro-ministro preferiu garantir que o plano delineado – e aprovado por Bruxelas – não falhará. «Como se verificou, se o Estado não tivesse readquirido os 50% quando o o sr. Neelman foi à falência em todo o mundo a TAP teria ido à falência», defendeu o PM.

Justiça polémica

Outro dos temas quentes do debate entre Rio e Costa foi a Justiça, com o líder do PS a acusar as propostas de Rio de serem «muitos perigosas». Costa acusou Rio de querer implementar uma maioria de políticos nos Conselhos Superiores das magistraturas (judicial e do MP), procurando uma Justiça «controlada pelo poder político».

Rio não deixou passar a crítica em branco, e acusou Costa de ‘populismo’. «O dr. André Ventura não era capaz de fazer uma intervenção muito diferente», disparou. O líder do PSD defendeu a proposta, explicando que «no Conselho Superior não deve haver maioria de magistrados para não haver corporativismo, mas uma maioria da sociedade civil».

A discussão continuou, e chegou ao ponto de Rio acusar o PM de estar a tentar ‘enganar’ as pessoas. Subiu a temperatura no Capitólio.

Soluções?

Rui Rio teve várias missões neste debate, e uma delas era perceber, afinal, o que fará António Costa se não tiver a desejada maioria absoluta. Em resposta, o líder do PS aproximou-se de uma sugestão concreta: «Não há tabus quanto ao que acontecerá em 30 de janeiro», começou por explicar, defendendo que, em caso de maioria do PS, não há dúvidas, tal como em caso de derrota para Rui Rio. «Arrumo o gabinete e entrego a chave», afirmou. Agora, o PS vencendo sem maioria, Costa põe várias opções sobre a mesa. Ou gere o Governo ‘diploma a diploma’, recordando o Executivo de António Guterres no início do milénio, ou abre as postas a novos acordos com outros partidos, referindo o PAN como possível futuro aliado.

Uma nova geringonça, no entanto, é «manifestamente impossível».

Médico de família é tema

Por entre os momentos que fizeram manchetes entrou a discussão sobre o SNS, com Rio a acusar Costa de ter falhado na promessa de dar médicos de família a todos os portugueses. O PM, no entanto não ‘atira a toalha ao chão’, e garante que é necessário continuar a reforçar o SNS. «No ano passado tivemos mais 2 606 cirurgias nos hospitais do SNS do que em 2019, mais consultas hospitalares e mais de 3 milhões de consultas nos cuidados de saúde primários do que em 2019», debitou Costa.