Agricultores apelam a que não se vote PS por sorrir ao PAN

No comunicado, a CAP considerou o PAN um “partido radical” e “anti agricultura”

A CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal – emitiu ontem um comunicado de apelo aos portugueses para que não votassem no PS. A razão? Poderá fazer acordos com o PAN.

Assim, tal, como o comunicado explica, o “boicote” ao voto no PS surge apenas e só pela possibilidade de este celebrar acordo com o PAN, partido que consideram “perigoso”, “radical” e “nos antípodas do que a maioria da população e a CAP defendem”. “Nada move a CAP contra o PS. Pelo contrário, a CAP respeita o PS (…). Mas tudo move a CAP contra a possibilidade de o PS integrar o PAN em qualquer solução governativa, em qualquer circunstância”.

Segundo estes agricultores, o facto de António Costa admitir governar com o PAN – “partido cujas ideias e programa eleitoral preconizam a destruição da agricultura e a aniquilação do mundo rural” – provocou uma “a imensa indignação em todo o setor”, autarcas socialistas incluídos. “Aceitar governar com o PAN é admitir que o poder é mais importante do que o futuro do país, é ignorar e desrespeitar a esmagadora maioria da população. Portugal precisa de um setor agrícola e de um mundo rural vivo, desenvolvido, moderno, exportador, inovador e sustentável”, declaram.

A CAP, naturalmente, sugere também que “todos os cidadãos eleitores com ligações ao setor agrícola e ao mundo” rural rejeitem o voto no PAN. Os agricultores acusam o partido de hipocrisia, notando que os seus dirigentes desenvolvem, a título privado, “atividade agrícola relevante” (referência às estufas de Inês Sousa Real, amplamente noticiadas no i), mas que, na esfera pública, é “anti agricultura” e “rejeita as especificidades, tradições, cultura e valores do mundo rural”. Atiram que as propostas deste partido para a agricultura se baseiam, maioritariamente, em “ideologia, preconceito, ignorância, perceção e crendice”, sendo que “não resistem ao confronto com a ciência e o conhecimento científico”.

Recorde-se que Luís Mira, secretário-geral da CAP, afirmou em novembro do ano passado que Inês Sousa Real, dirigente do partido, se devia demitir. Disse-o na sequência da notícia que Inês seria dona de empresas de produção agrícola que usavam ferramentas ‘pouco amigas do ambiente’, como estufas e pesticidas. No i de hoje, Luís Mira notou ter convidado vários partidos para se juntarem, amanhã, na sede da organização, com o intuito de ouvi-los sobre o tema da Agricultura. Afirmou, também, que optara por não convidar o Bloco de Esquerda e o PAN porque as suas propostas "são contra o setor agrícola, contra a pecuária e contra tudo".