Morte de criança de seis anos vacinada está a ser investigada

Menino de seis anos morreu no Hospital de Santa Maria. Caso foi notificado como suspeita de reação.

A morte de uma criança de seis anos no Hospital de Santa Maria, vítima de paragem cardiorespiratória, está a ser investigada e o caso foi notificado ao Infarmed, dado que o menino, que testou positivo para o SARS-Cov-2, tinha feito a vacina da covid-19 há cerca de uma semana, quando se iniciou a vacinação nesta faixa etária. “A criança tinha a primeira dose da vacina contra a Covid-19, tendo o CHULN notificado o caso ao Infarmed e à Direção-Geral da Saúde”, informou o Centro Hospitalar Lisboa Norte, adiantando em comunicado que as causas de morte estão a ser analisadas.

A criança, que faleceu no domingo, deu entrada no hospital já com um quadro de paragem cardiorrespiratória e, ao que o i apurou, ontem não estava determinada uma ligação causal que possa ter motivado a paragem cardíaca, quer à covid-19 quer à vacina ou outra, o que vai ser investigado mediante a realização de autópsia. Apesar de a criança ter testado positivo para a covid-19, o óbito não foi incluído ontem no boletim diário da Direção Geral da Saúde.

A notificação ao Infarmed insere-se na vigilância de suspeitas de reações adversas, quer pelas manifestações clínicas quer pela proximidade à toma de medicamentos, neste caso da vacina da covid-19. Ao i, o Infarmed confirma ter recebido ontem a notificação de suspeita de reação adversa, “que se encontra a ser tratada pelo Infarmed em conjunto com a Unidade Regional de Farmacovigilância de Lisboa, Setúbal e Santarém, no sentido de proceder à recolha de dados adicionais por parte do notificador, para análise e avaliação da imputação de causalidade, uma vez que não sendo a aparente relação temporal o único determinante na avaliação da causalidade, é necessário proceder à recolha de toda a informação clínica.” Só depois desta análise este caso será comunicado à base europeia EudraVigilance, informou o Infarmed.

No início de janeiro, o Infarmed revelou que entre as 96 mil crianças com menos de 12 anos vacinadas em dezembro tinham sido notificadas seis reações adversas, entre as quais um caso de miocardite numa criança de 10 anos que recuperou. No grupo dos 12 aos 17 anos fora notificados 97 casos de reações graves, todos com evolução positiva e sem sequelas, entre estes 13 casos descritos como mio/pericardite, “possivelmente associados à vacina de mRNA em utilização no programa de vacinação atual” e com evolução favorável após tratamento.

Até ao final do ano passado, o Infarmed recebeu 21 595 notificações de reações adversas após a vacina, das quais 6939 graves (32%), entre as quais 116 mortes entre pessoas com uma média de 77 anos de idade. O Infarmed indicava que não se pressupunha a existência de uma relação causal, dado ser um número de mortes dentro dos padrões normais de mortalidade na população.