Homem que recebeu coração de porco já foi condenado por esfaquear outra pessoa: “Estão a tratá-lo como um herói e ele não é nada disso”

Irmã de vítima considera que David Bennet não é merecedor do transplante.

David Bennet, de 57 anos, o homem que recebeu o primeiro transplante de um coração de porco, foi condenado, em 1988, por esfaquear um homem, contou a irmã da vítima ao programa da BBC Today show.

Leslie Shumaker Downey, irmã de Edward Shumaker (que morreu em 2017), considera que Bennet não é merecedor da cirurgia, contudo, a equipa que realizou o transplante referiu que o passado criminal de uma pessoa nunca poderia ser uma razão para que lhe fosse recusado tratamento. 

"É obrigação de qualquer hospital ou instituição de saúde providenciar tratamento a qualquer pessoa, baseado nas suas necessidades médicas", explicaram, ao New York Times, profissionais do Centro Médico da Universidade de Maryland.

"Qualquer outro procedimento que tivesse sido tomado iria abrir um precedente perigoso e violar os valores éticos e morais de qualquer cuidador", acrescentaram. 

O ataque aconteceu em abril de 1988, quando a mulher de Bennet se sentou ao colo de Shumaker, que tinha, na altura, 22 anos. Num aparente ataque de raiva, o homem agora transplantado esfaqueou várias vezes Shumaker nas costas, conta a irmã deste.

David Bennet foi condenado e sentenciado a 10 anos de prisão e irmã de Shumaker queixa-se de que ninguém a contactou relativamente ao facto de Bennet ir realizar a cirurgia e que só soube através dos meios de comunicação social.

"A minha filha enviou-me uma mensagem a dizer 'Mãe, este foi o homem que esfaqueou o tio Ed' e depois li a história e fiquei chateada por ter sido aquele homem a receber o coração", conta Leslie.

A operação aconteceu em Baltimore e demorou sete horas, estando agora David Bennet a recuperar da cirurgia que era considerada a última hipótese para lhe salvar a vida, embora não se saiba com certeza qual a sua esperança de tempo de vida.

Leslie Downey afirma que está chateada por estarem a tratar "Bennet como um herói e um pioneiro, quando ele não é nada disso".