Portal de voto antecipado permite inscrição fraudulenta. CNPD admite falha, mas CNE desvaloriza problema

A CNPD confirmou que as falhas encontradas “permitem a inscrição fraudulenta por terceiros para voto antecipado por mobilidade, bastando para tal conhecer o nome e data de nascimento ou o número de identificação civil e data de nascimento de uma pessoa”, no entanto, a entidade sublinha que, “de qualquer modo, isso não afeta o exercício do…

Portal de voto antecipado permite inscrição fraudulenta. CNPD admite falha, mas CNE desvaloriza problema

A Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) admitiu, esta quinta-feira, que existem "deficiências" no Portal de voto antecipado, as quais "permitem a inscrição fraudulenta por terceiros" para a votação antecipada por mobilidade.

Estas deficiências, segundo explicou a CNPD num esclarecimento solicitado pela agência Lusa, "incluem o voto em mobilidade, o voto em confinamento e o voto para residentes em lares".

A afirmação da comissão surge após o Expresso noticiar que a plataforma de agendamento do voto antecipado para as legislativas "permite o registo em nome de pessoas que constam nos cadernos eleitorais, desde que se saiba o nome completo e a data de nascimento".

"Uma vez dentro da plataforma, é possível assumir o controlo do agendamento do voto antecipado da potencial vítima, uma vez que o intruso passa a ter a capacidade de inserir um endereço de 'e-mail' e um número de telefone, que servem de meios de contacto para gerir todo o processo e receber notificações relacionadas com o processo", evidenciou aquele jornal. 

Já no esclarecimento, a CNPD confirmou que as falhas encontradas "permitem a inscrição fraudulenta por terceiros para voto antecipado por mobilidade, bastando para tal conhecer o nome e data de nascimento ou o número de identificação civil e data de nascimento de uma pessoa", no entanto, a entidade sublinha que, "de qualquer modo, isso não afeta o exercício do direito de voto".

Ainda assim, esta situação possibilita "a consulta por terceiros a inscrições feitas diretamente pelos titulares dos dados, embora os dados de contacto existentes fornecidos pelos titulares se encontrem mascarados, não sendo, por isso, dados a conhecer".

"Também no processo de consulta por terceiros é possível anular uma inscrição genuína no voto antecipado, embora nessa eventualidade o titular dos dados receba uma notificação de alerta, o que o obrigará a nova inscrição", esclarece a comissão.

A agência Lusa também pediu um esclarecimento à Comissão Nacional de Eleições (CNE), a qual afirmou que se realizou hoje uma reunião plenária, na qual foi deliberado que "não há verdadeiramente acesso a outros dados pessoais por esta via, uma vez que a aplicação apenas retorna a freguesia (ou posto) de recenseamento, em princípio, coincidente com a de residência".

"A inscrição nesta plataforma nunca impede um cidadão que não venha a votar antecipadamente no próximo domingo de exercer o seu direito no dia da eleição", declarou a CNE na nota enviada àquela agência. 

"A utilização do nome completo ou, em alternativa, do número de identificação civil, juntamente com a data de nascimento, é a forma de acesso à referida plataforma, como, aliás, há anos o tem sido para a consulta ao recenseamento eleitoral", afirmou a CNE, acrescentando que nunca recebeu "qualquer queixa referente ao uso indevido daqueles dados que, sendo possível, não tem, portanto, constituído um problema real".

"Outras possíveis dificuldades com que um cidadão 'pirateado' possa ver-se confrontado serão facilmente solucionáveis através de um contacto direto com a Secretaria-Geral da Administração Interna, de preferência por correio eletrónico", assinalou a comissão.