Washington não cede perante as exigências do Kremlin

Entre receios de uma invasão da Ucrânia, Blinken oferece transparência em operações militares, controlo de armas nucleares. Tudo menos o que Putin exigia.

Após semanas de escala da tensão, os Washington finalmente deram uma resposta formal às exigências do Kremlin. A principal, que a NATO se comprometa a nunca aceitar a Ucrânia como estado membro, ao mesmo tempo que retira tropas da Roménia e da Bulgária, é inconcebível, declarava a carta enviada pelo secretário de Estado americano, Antony Blinken, esta quarta-feira. Em vez disso, propunha transparência mútua quanto a operações das respetivas forças armadas, a limitar exercícios militares, bem como um tratado para conter o arsenal nuclear de ambos os países. “A bola está do lado deles”, defendeu Blinken, em conferência de imprensa.

Trata-se de um começo para negociações, mas tímido, sem concessões – isto numa altura em que a urgência parece cada vez maior, com constantes alertas de que uma invasão da Ucrânia, que tem mais de cem mil tropas estacionadas na fronteira, está iminente. Mesmo que não haja qualquer invasão em breve, tão cedo o impasse não é quebrado, sugeriu o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Alexander Grushko, à Interfax, comentando o documento com a resposta da NATO. “Vamos lê-lo. Estudá-lo. Os parceiros estudaram o nosso projeto durante um mês e meio”. 

Entretanto, as exportações de armamento de países europeus para a Ucrânia têm escalado, a par com o envio de tropas da NATO para países vizinhos. O arsenal ucrâniano está cada vez maior, a Lituânia e Letónia enviaram mísseis terra-ar Stinger, com o patrocinio dos EUA, que forneceram mísseis antitanque Javelin, enquanto o Reino Unido ofereceu milhares de NLAW – a nova geração de mísseis antitanque de curto alcance, ideais para combate urbano, explicou a Forbes, ou seja, apenas no mais catastrófico dos cenários – e a Estónia tentou entregar Howitzers de fabrico alemão.

Contudo, a Alemanha bloqueou o envio desta artilharia da Estónia à Ucrânia, devido à sua política de não enviar armas para zonas de conflito. “Há razões para isto, que são baseadas nos acontecimentos dos últimos anos e décadas”, frisou o chanceler alemão, Olaf Scholz. Cujo Governo tem sido duramente criticado pela decisão, acabando por anunciar a oferta de cinco mil capacetes para a Ucrânia, esta quarta-feira, mais um hospital de campanha.