Instrutor da GNR acusado pelo MP de seis crimes no caso “RED MAN”

A magistrada defendeu que “que foi usado excesso de força”, sendo descrita “a violência” referente a um caso: “Em resultado das pancadas desferidas pelo arguido”, o formando “começou a cambalear, não conseguindo ver de forma nítida”.

Num comunicado na sua página da Internet, a Procuradoria da República da Comarca de Lisboa anunciou a dedução de acusação contra o arguido pela prática do crime de abuso de autoridade por ofensa à integridade física, previsto no Código de Justiça Militar.

"Os factos ocorreram em outubro de 2018, em Portalegre, no decurso de uma formação da GNR, mais especificamente durante a chamada prova de 'RED MAN', do curso de bastão extensível", lê-se na nota, sendo que, de acordo com a acusação, o arguido "decidiu exercer uma violência superior para com alguns formandos, causando-lhes lesões físicas".

Assim sendo, é explicado que este "agiu com consciência e vontade de molestar o corpo dos seus subordinados, no exercício das funções militares".

A investigação foi dirigida pela 10.ª secção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, coadjuvado pela Polícia Judiciária Militar.

Na semana passada, as estações televisivas CNN Portugal e TVI, que tiveram acesso ao despacho de acusação deste caso, noticiaram que o MP "acusa João Semedo, o chamado 'Red Man' da prova, de ser o autor material" dos "crimes praticados" no Centro de Formação da GNR em Portalegre, em 2018.

De acordo com os mesmos órgãos de comunicação, a magistrada defendeu que "que foi usado excesso de força", sendo descrita "a violência" referente a um caso: "Em resultado das pancadas desferidas pelo arguido", o formando "começou a cambalear, não conseguindo ver de forma nítida".

O alegado espancamento de formandos do 40º curso do Centro de Formação da GNR, em Portalgre, foi avançado pelo Jornal de Notícias, no início de dezembro de 2018, sendo que, na altura, o órgão de comunicação referiu que cerca de 10 formandos tinham sofrido graves lesões e traumatismos durante o módulo "curso de bastão extensível", que obrigaram em alguns casos a internamento hospitalar e a intervenções cirúrgicas.

Segundo a notícia, o alegado espancamento terá ocorrido entre 1 de outubro e 9 de novembro.

A 3 de dezembro de 2018, a Procuradoria-Geral da República revelou à Lusa que o Ministério Público tinha aberto um inquérito de natureza criminal para investigar este alegado espancamento.

No dia seguinte, o então ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, anunciou a exoneração do diretor do Centro de Formação de Portalegre da GNR, na sequência deste caso.

A CNN e a TVI noticiaram, agora, que João Semedo, que "foi punido com 121 dias de suspensão em abril do ano passado", ao longo dos três anos de investigação, "foi progredindo na carreira" e "é hoje segundo comandante do destacamento da GNR de Sintra".