Médico holandês teve pelo menos 21 filhos de pacientes

Não é a primeira vez que se descobre que um abuso do género aconteceu numa clínica de fertilidade holandesa.

Pela terceira vez, descobriu-se que um médico de uma clínica de fertilidade holandesa usou o seu próprio esperma em tratamentos, violando a promessa de que viria de dadores anónimos. Neste caso foi Jos Beek, um médico do hospital Elisabeth, hoje chamado Alrijne, em Leiderdorp, uma pequena cidade no oeste do país, que entre 1973 e 1986 terá tido pelo menos 21 filhos das suas pacientes, sendo esperado que se possam vir a descobrir dezenas de outros.

Beek nunca se confrontará com a justiça holandesa, tendo falecido em 2019. Dado que os registos médicos do período em que exerceu já não existem, as autoridades fizeram um apelo ao público, para que todos os filhos de mulheres tratadas por este médico se apresentem para fazerem testes de ADN.

“Estamos muito chocados por isto. Isto, claro, tem um impacto significativo nos pais e crianças envolvidos”, admitiu Peter Jue, membro da atual direção do hospital Alrijne, citado pelo Guardian. Salientando que, nas décadas de 1970 e 1980, as regras da Holanda para a inseminação artificial, uma especialidade que começava a dar os seus primeiros passos, eram muito menos estritas, facilitando este género de abusos.

“A situação hoje é completamente diferente. Usamos protocolos nacionais e trabalhamos de uma forma consistente e cuidadosa. Os nossos métodos de trabalho são regularmente avaliados através de auditorias”, frisou o dirigente do hospital Alrijne.

Esta instituição incubiu uma comissão independente de investigar o caso após ser alertado pela Fiom, uma organização que ajuda pessoas nascidas de doações anónimas de esperma a encontrar os seus pais biológicos – segundo uma lei holandesa, aprovada em 2014, todos eles têm o direito de saber quem são os seus pais biológicos quando fazem 16 anos. Mas quando o ADN de muita gente ajudada pela Fiom começou a coincidir, soaram todos os alarmes.

Afinal, já em 2020 se descobrira que o ginecologista Jan Wildschut, falecido em 2009, fora o pai biológico de pelo menos 17 crianças, enganando as suas pacientes, entre as décadas de 1980 e 1990. No ano antes soubera-se que o médico Jan Karbaat tinha feito o mesmo, gerando pelo menos 49 crianças, suspeitando-se que esse número possa chegar às duzentas.