A hipocrisia na eleição brasileira

A economia brasileira não resistirá a um governo que não tenha uma política económica que respeite o já pactuado com as privatizações e a repercussão externa seria grande

Por Aristóteles Drummond

Os tucanos, como são mais conhecidos os políticos do PSDB, partido do ex-Presidente FHC, nunca foram contra o PT e as legendas mais à esquerda. Quando Presidente, Fernando Henrique teve uma propriedade rural invadida, ocuparam os seus aposentos, tomaram as suas bebidas e ele se limitou a retomar a posse e os invasores ficaram impunes.

Quando na sua sucessão, viu o Lula vencer, derrotando o seu candidato, e afirmou que foi vitorioso pois a segunda volta foi entre dois políticos de esquerda. Agora, estão alinhados com Lula, embora jurem lealdade a seu candidato João Doria, que sabem que vai chegar em quarto ou quinto lugar na primeira volta.

A economia brasileira não resistirá a um governo que não tenha uma política económica que respeite o já pactuado com as privatizações e a repercussão externa seria grande.

Ocorre que o PSDB está dividido com uma ala centrista que, inclusive, tem votado com o governo. O partido deve deixar em outubro a posição de um dos seis maiores no Congresso. Mas tem influência na mídia e nos empresários de São Paulo. Poderiam ajudar a encontrar alguém que derrote Lula ou Bolsonaro. 
 
Variedades

Os números oficiais apontam para quase cinco de milhões de brasileiros morando fora do país. Mas a quantidade deve ser maior, pois não inclui os de dupla nacionalidade, no caso da Europa e os ilegais nos EUA, onde estão cerca de 40%. O segundo destino, com mais de 200 mil, sem contar os ilegais e os de dupla cidadania, é Portugal. Itália, Reino Unido, Alemanha e Japão também são relevantes.

• Bolsonaro não quer abrir mão da viagem a Moscou, contrariando ponderações dos diplomatas e dos militares.
• O Brasil deixou de ser o maior parceiro comercial da Argentina. O lugar agora é da China. Muitos dos mais importantes itens de exportação do Brasil coincidem com os argentinos, como a soja, a carne e o petróleo. A Argentina fechou novo acordo com FMI, que poucos acreditam que seja cumprido.
• A BP vai investir em energia limpa no Ceará, instalando uma usina solar no Porto de Pecem. E a chinesa JWM começa a levar seus carros totalmente elétricos montados nas instalações que foram da Mercedes Benz, em SP, e estuda criar fábrica de baterias aproveitando insumos minerais que o país possui.
• O Presidente Bolsonaro revelou na internet os contratos em que o governo brasileiro financiou um porto em Cuba com 800 milhões de dólares, no governo Lula. O prazo do financiamento foi de 25 anos, quando o usual é de 12 anos. Até agora, nenhuma prestação do empréstimo foi paga. O Presidente prometeu revelar a cada semana os demais financiamentos de inspiração ideológica a países como Venezuela, Nicarágua e Angola, sem pagamento até hoje.
• O forte calor não animou o turismo pelo recrudescimento dos casos de covid pela variante Omicron, como ocorre no resto do mundo. Mesmo assim, houve alguma recuperação no transporte aéreo e na hotelaria, especialmente no Rio de Janeiro. 
• Ricardo Cravo Albin lançou uma ideia que deve prevalecer, passando os desfiles das escolas de samba, no Rio e em SP, para abril ou setembro. 
• Andréia Marques de Almeida, brasileira e filha de pais portugueses, está, pelo segundo ano, na lista das mulheres mais influentes pela revista Forbes. Foi da direção da Petrobras e, hoje, é vice-presidente do Santander.
• Não é só a covid que perturba o Brasil, mas as alterações climáticas, com chuvas, há semanas, em diferentes pontos do país. No Sul, que vivia seca inédita, chuvas intensas na capital e litoral provocando mortes. Em São Paulo, mais de 20 mortos em soterramentos, que são a maioria dos casos.

Rio de Janeiro, fevereiro de 2022