Laura angaria 1800 euros para dar fim “digno” à avó e partilha orçamento do funeral para provar custos

A jovem de 23 anos obteve 2015 euros até à tarde deste domingo, sendo que decidiu encerrar a campanha por já ter obtido o valor necessário.

Depois de ter contado ao Nascer do SOL que não tinha 1800 euros para pagar o funeral da avó, Laura Carvalho Torres, de 23 anos, neta de Maria de Lurdes Fonseca Carvalho, de 93, que morreu na sexta-feira nos Olivais, em Lisboa, conseguirá dar hoje um “último momento digno” a esta. 

“Podia pedir a algumas pessoas, mas não havia ninguém imediatamente disponível para me dar o dinheiro todo. Por isso, lembrei-me da campanha porque não exijo nenhum valor e toda a gente pode ajudar. Mesmo pessoas muito próximas já deram 20, 30 euros e há quem tenha dado menos, mas tudo conta”, reconheceu então a rapariga, tendo explicado que “da parte da Segurança Social fazem o reembolso, mas podem demorar três ou mais meses”.

“Havendo essa possibilidade, devolvo o dinheiro angariado para que quem precise possa usá-lo”, sublinhou a lisboeta. “Não vamos fazer o velório porque seria 500 ou mais euros. Não temos ninguém de família que nos possa ajudar”, desabafou, sendo que, no final da tarde de sábado, arrecadara cerca de 365 euros. Até à hora de fecho desta edição, após a ativista dos direitos humanos Francisca de Magalhães Barros se ter juntado à causa, a mestranda em História da Arte alcançou o valor de 2015 euros, tendo decidido encerrar a campanha e agradecer publicamente a quem a auxiliou.

“Vivemos sempre nós, mas o meu avô faleceu em 2015. Tinha uma relação muito próxima com ela e é complicado. Gostaria de lhe prestar uma homenagem diferente, obviamente. Seria bom termos um serviço mais completo, mas isso não é viável agora”, afirmou Laura, mostrando-se visivelmente afetada pela perda da avó natural de São João de Areias, em Santa Comba Dão, no distrito de Viseu. “Veio para cá com a minha idade acompanhada por uma tia. Ela trabalhou muitos anos a cuidar dos filhos da família Sassetti. E depois tornou-se doméstica”, observou, indicando que uma das memórias mais presentes que tem é de quando ia com a avó lanchar à Pastelaria Suíça, no Rossio.

“Quando soube deste apelo, jamais podia deixar de ajudar. No fundo, são os funerais dignos de todos os nossos avós que ali estavam em causa e portanto acho que foi uma mobilização rápida e bonita”, diz Francisca, que também é pintora e cronista. “Fiquei muito feliz por ter feito parte da ajuda que levou o direito a ter um funeral para a avó da Laura, sem descartar as pessoas. Agradeço a todos e todas que depositam em mim confiança”.

No documento que Laura partilhou com o Nascer do SOL, é possível entender que pediu um orçamento de serviço funerário à Agência Funerária Matias, em Moscavide, não pagando pela realização do velório por encarar este como uma despesa extra com a qual não quer sobrecarregar quem já contribuiu para esta causa, como declarou ontem. A prestação de serviços, como os veículos e os recursos humanos utilizados, custarão 873 euros. A urna e o livro de condolências terão o preço de 500 euros, a preparação da falecida o valor de 200 euros e os pagamentos relativos a documentação e despesas do cemitério dos Olivais rondarão os 216.35eur. Assim, conclui-se que o total a pagar é de 1.789,35 eur., indo este valor ao encontro dos 1800 pedidos inicialmente.

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