Homem deixa cadeira de rodas após ficar curado com tratamento de elétrodos na medula espinal

Durante cinco anos, Michael Roccati viveu completamente paralisado da cintura para baixo. Agora, graças a um tratamento inovador, pôde voltar a andar. 

Em 2017, Michael Roccati teve um acidente de mota que o deixou paralisado da cintura para baixo. Mas agora, devido a um tratamento na medula espinal, ganhou a habilidade de reativar os músculos.

Os responsáveis foram o professor Grégoire Courtine, neurocientista do Instituto Federal Suíço de Tecnologia, em Lausanne, e a professora, investigadora e neurocirurgiã do hospital universitário da mesma região, Jocelyne Bloch. 

O sistema que desenvolveram usa um elétrodo macio e flexível que é colocado no topo dos nervos da coluna vertebral. O tratamento consiste na implantação destes elétrodos, cuja estimulação é feita por meio de um sistema wireless a partir de um tablet.

Segundo a equipa de investigação, os implantes elétricos já permitiram não só a Roccati, como a outros dois pacientes – homens com idades compreendidas entre os 29 e os 41 anos – a conseguirem “ficar de pé, andar e até a baterem as pernas dentro de uma piscina”.

Poucas horas após a operação, o dispositivo ajudou os três pacientes a ficarem de pé, sendo que o respetivo desempenho melhorou a cada três a quatro meses de treino. Agora, a expectativa na comunidade científica é a de que estes dispositivos possam ajudar a que pessoas com este tipo de paralisia a ganharem mais independência.

“Com a estimulação em curso, no início, o doente pode dar alguns passos com um apoio para o peso corporal. Depois quanto mais treinar, mais forte se sentirá”, elucidou Bloch. “Vai ganhando massa muscular, vai-se sentido mais forte, a sua resistência vai melhorando, o apoio do peso pode até deixar de ser necessário e o doente pode só andar com um andarilho. E, claro, a fluidez e a velocidade desses passos vão melhorando”, acrescentou.

A equipa de Jocelyn escolheu três pessoas com uma lesão completa na medula espinal acima da 11.ª vértebra, o que significa que os últimos seis centímetros da medula espinal estavam intactos. “Depois, fizemos um modelo desses seis centímetros da espinal medula por baixo da lesão para perceber a anatomia de cada participante”, explicou ainda a investigadora. 

“Graças a essa tecnologia, podemos ambicionar ajudar indivíduos com lesões na medula espinal mais graves”, revelou o professor Grégoire Courtine. “Ao controlar esses implantes, podemos ativar a medula espinal como o cérebro faria naturalmente para que o paciente ficasse de pé, andasse, nadasse ou andasse de bicicleta”, rematou.