Há poucas probabilidades de viver outra campanha legislativa, por isso, vou pela primeira vez aproveitar este anacrónico dia de reflexão para alinhar ideias.
Por António Maria Coelho de Carvalho
1 – O silêncio mais gritante foi sobre a Pandemia. Ninguém quis confessar a sua ignorância e aliar-se ao governo ou combatê-lo. Que ninguém quisesse perspectivar a Covid do ponto de vista médico, compreendo; mas que os arautos da liberdade de expressão não se tivessem indignado com o silenciamento das vozes discordantes do combate ao SARS-COV2 feito pelo SNS, custa-me a entender. Parece que não foi só cá em Portugal que isso aconteceu, o que confirma a bolha de iliteracia sanitária em que o mundo civilizado está mergulhado e o perigo que o medo desencadeado pode representar para os países democráticos.
Como presunção e água benta cada qual toma a que quer, vou eu avançar com uma crítica.
Um dos argumentos usados e abusados pelo governo em defesa da vacinação é o de que as pessoas vacinadas têm menos probabilidades de contrair infecções graves. Parece certo mas é enganador. A comparação só deve ser feita entre as pessoas vacinadas e as pessoas não vacinadas que tenham tido cuidado com a sua alimentação, pratiquem algum exercício, não fumem, não bebam demasiado alcool, durmam o suficiente e apanhem algum sol... Os diabolizados “terapeutas” naturistas, das medicinas alternativas é o que aconselham. Porque os perseguem e ofendem? E porque que é que o SNS não tem médicos naturistas? Para quando um debate público entre os que defendem a alopatia e os naturistas? E liberdade de expressão responsável para os que não concordem com as terapias dos médicos do SNS? Esperemos que a Verdade depressa nos possa iluminar.
2 – Ninguém falou da necessidade de um maior esclarecimento dos eleitores sobre os diversos regimes políticos. Todos os discursos e discussões são feitos só em torno de conceitos, mal definidos, de esquerda, direita e centro. Porque não a publicação, em edições populares, de livros a explicarem em linguagem simples o que é o socialismo, a social democracia, o fascismo, o corporativismo, etc...Se queremos uma democracia melhor não podemos manter o Povo tão ignorante. Parece que os partidos se preocupam mais com a Educação Sexual do que com a Educação Cívica, agitam bandeiras de liberdade, mas escondem o poder manipulador dos governos, dos partidos, das”igrejas”, das grandes empresas e dos movimentos mais ou menos intelectuais que povoam a internet e têm recurso a técnicas de propaganda já velhas, mas ainda eficazes e que assim vão moldando o sentir e o pensar dos Portugueses. As usadas por Goebbels e as descritas por Chomsky para manipulação das massas, se já fossem conhecidas dos eleitores talvez mudassem o resultados destas eleições...
3 –Ninguém se assume defensor da democracia-cristã. Nem o CDS, (único partido que não aprovou a vigente Constituição), recordou Salazar ou explicou o corporativismo...
A minha geração, quase extinta..., viveu os mesmos anos em “ditadura” e em “democracia”. A sensação que tenho é a de que nem o Salazarismo era uma ditadura, nem depois do 25 de Abril vivemos em verdadeira democracia. Deve ser consequência do meu feitio... Em 1961, quando comecei, no Sporting, a minha “guerra” contra os desvairados gastos no futebol, um psicólogo e dirigente do Clube, traçou o meu retrato: “...Para já, posso dizer-lhe que encontro nas suas ideias algo aproveitável, mas pureza em demasia, sem o ajustamento às realidades sociológicas do Mundo actual e sem os necessários anti-corpos, indispensáveis a uma boa saúde social”.... Estávamos, naquela altura, a semear a corrupção que hoje grassa no futebol.
4 –A minha experiência sportinguista foi-me útil para perder alguma candura, desconfiar das virtudes da democracia e poder escrever logo a seguir ao 25 de Abril num artigo que espelhava os meus receios:
Quem vai ser sinceramente humilde para se convencer de que a melhoria da comunidade tem que passar pelo seu próprio aperfeiçoamento?
Quem terá coragem de afirmar que a Revolução ainda está por fazer? E que vai exigir sacrifícios e tempo e uma comunhão de esforços e de objectivos a que não estamos habituados?
Quem saberá ensinar a um povo politicamente analfabeto o dever de trabalhar com honestidade e o direito de ganhar o suficiente para viver condignamente?
Quem estará disposto a sacrificar-se pela res publica ?”
A minha passagem pelos bastidores do Sporting também me ajudou a perceber porque é que não voto no Chega mas condeno a maneira como os seus militantes têm sido tratados na comunicação social. Afinal são nacionalistas à sua maneira, não têm medo nem vergonha de afirmar que amam Portugal. Em vez de chamados a debater e esclarecer os seus pontos de vista são escarnecidos, desconsiderados ou ignorados pelos outros dirigentes. Será porque o seu Programa Político começa por DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA, TRABALHO e cada uma das suas 14 medidas começa - “Contra os socialismos” ?
5 – ANTES, DEPOIS E O FUTURO.
Se houvesse uma força cívica não partidaria (por exemplo o PR...) capaz de divulgar o que na realidade aconteceu em Portugal no Estado Novo e depois do 25 de Abril, poderíamos debater em bases mais sólidas a revisão da Constituição e o futuro de Portugal. Se a discussão do nosso caminho, além de tardia, for feita com base em ideologias e condicionada pela narrativa dominante desde a Revolução, será tempo perdido, ou pior do que isso!
6 – COLONIALISMO E DESCOLONIZAÇÃO
Conversarmos sobre o colonialismo e a descolonização nada adiantará a não ser num aspecto: tentar desmitificar o discurso dos partidos de esquerda.
O colonialismo não foi um crime, uma vergonha para Portugal, nem a descolonização foi um “acto glorioso”. A descolonização foi uma fatalidade. Foram os interesses da Rússia e da América que fizeram a descolonização.
O que é que Portugal ganhou ao abandonar as suas colónias de África? E Angola, Moçambique e a Guiné, que ganharam? Os povos: guerras, mortes e maior miséria; as elites, civis e militares: honras e proveitos. Para isso se têm feito revoluções ao longo dos séculos.
7– Tudo o que interessa à felicidade dos Povos deve ser discutido.
Deus, Pátria e Família, eram os pilares da ideologia do Estado Novo, caricaturados pelos seus opositores nos conhecidos 3 F´s – Futebol, Fado e Fátima... Ora, se é mentira que os 3 F’s fossem aproveitados pela propaganda salazarista, a trilogia Deus, Pátria, Família não se podia realmente discutir no Estado Novo. Hoje, perante os ataques que “intelectuais” de esquerda desencadearam contra Deus, contra o amor à Pátria e contra a família tradicional é urgente um debate esclarecedor sobre estes conceitos, para chegarmos a uma melhor compreensão da sua importância na nossa Felicidade.
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PS - Acabou ontem o Jogo. É tempo de fazer o meu prognóstico.
Espero, sinceramente, acertar em cheio, e vou fazer o possivel para ver o próximo jogo, daqui a 4 anos. Vai ser difícil, mas é capaz de ser giro.
Tramagal, 31 de Janeiro de 2022 , numa manhã cinzenta.
Sócio do Sporting em 1941