Óscares. Jane Campion é a única mulher da história com duas nomeações para melhor realização

Numa lista que não trouxe grandes surpresas, Jane Campion fez história ao tornar-se a única mulher com duas nomeações para melhor realização.

Da desconstrução da masculinidade do western, aos épicos espaciais, até um festival música esquecido de 1969, foram anunciados, esta terça-feira, os filmes nomeados a Óscares, cuja cerimónia de entrega terá lugar no dia 27 de março.

Numa edição que não trouxe grandes surpresas, é de destacar o domínio de Power of the Dog, um neo-western distribuído pela Netflix, nomeado para 12 categorias, inclusive pelas performances de Benedict Cumberbatch (favorito a vencer o Prémio de Melhor Ator Principal). Kirsten Dunst (também uma das favoritas a ganhar o Óscar de Melhor Atriz Secundária), Jesse Plemons e Kodi Smit-McPhee (ambos nomeados a Melhor Ator Secundário) e para a realizador australiana, Jane Campion, que fez história ao tornar-se na primeira mulher a ser nomeada duas vezes para a distinção de Melhor Realizadora (a primeira vez foi com o filme The Piano, acabou por não vencer o Óscar de Melhor Realizadora, tornando-se apenas a segunda mulher a ser nomeada para este prémio, mas venceu o de melhor argumento original).
Já o mega blockbuster espacial de Denis Villeneuve, Dune, que arrecadou 399 milhões de dólares (cerca de 360 milhões de euros) nas bilheteiras de todo o mundo, e que dividiu a crítica e fãs, recebeu um total de dez nomeações. Apesar da maioria ser em categorias técnicas, o filme está entre os nomeados a melhor filme do ano e para melhor argumento adaptado. 

Seguem-se Belfast, filme de Kenneth Branagh, que decorre na Irlanda do Norte, durante os tumultuosos anos 1960, marcados por conflitos de grande violência entre a população protestante e católica, e West Side Story, uma adaptação do musical clássico de 1957, que valeu ao realizador Steven Spielberg a sua vigésima nomeação para um Óscar.

Uma das maiores surpresas destas nomeações foi o sucesso de Drive My Car, drama do realizador japonês Ryusuke Hamaguchi, entre os nomeados para Melhor Realizador e Melhor Argumento Original, assim como Melhor Filme do Ano e Melhor Filme Internacional. Além deste filme baseado num conto de Haruki Murakami, este ano Hamaguchi também realizou o filme Wheel of Fortune and Fantasy.

O mais recente filme de Paul Thomas Anderson, Licorice Pizza, uma carta de amor a Hollywood do início dos anos 1970, foi nomeado para Melhor Filme, Realizador e Argumento Original, tendo falhado as tão cobiçadas nomeações de Melhor Atriz para Alana Haim, música na banda Haim (cujos restantes membros Este e Danielle, suas irmãs, também entram no filme) que se estreou no cinema nesta longa-metragem, e de Melhor Ator para Cooper Hoffman, também estreante, filho do falecido ator e ex-vencedor do Óscar de Melhor Ator, Philip Seymour Hoffman.

Outro filme que dividiu a sua audiência, mas que celebrou algum sucesso, foi Don’t Look Up, de Adam McKay, uma sátira sobre a pandemia covid-19, as alterações climáticas, o Trumpismo e muitas outras leituras, que arrecadou nomeações para Melhor Filme do Ano, Melhor Edição, Melhor Argumento Original e Melhor Banda Sonora, da responsabilidade do talentoso Nicholas Brittel, também responsável pela música da aclamada série Succession.

A destacar ainda a nomeação do designer português Luis Sequeira pelo trabalho que realizou no Guarda Roupa do filme Nightmare Alley de Guillermo del Toro, sobre o mentalista Stanton Carlisle, interpretado por Bradley Cooper, que abandonou um circo de horrores para ludibriar pessoas abastadas com consequências devastadoras. Esta é a segunda nomeação de Sequeira, a primeira foi pelo filme The Shape of the Water, também do realizador mexicano.