Ataque às clínicas Germano de Sousa foi diferente do da Vodafone

Laboratório clínico garante que não foram atingidos dados de clientes. Ao contrário do que aconteceu nos últimos ataques, foi pedido um resgate, num ataque que está a ser investigado de forma independente.

Por Felícia Cabrita e Marta F. Reis

O ataque informático aos laboratórios Germano de Sousa tem contornos diferentes do que atingiu esta semana a rede da Vodafone. Em causa está, segundo fonte da investigação, um ataque de ransomware com pedido de resgate, enquanto que no ataque à Vodafone esse expediente não se verificou. Ontem a rede de laboratórios garantiu que não foram violados dados de clientes, mas os serviços da empresa pararam e o atendimento está suspenso até domingo.

Segundo o i apurou, apesar de a notificação só ter sido feita esta quinta-feira à Polícia Judiciária, há dois dias que havia dificuldades no contacto com os laboratórios. Um problema que tem afetado várias empresas nomeadamente depois do ataque à Vodafone. A relação entre os ataques será investigada, mas à partida o modus operandi sugere autores diferentes.

Este novo ataque informático está agora também a ser investigado pela Unidade de Combate ao Cibercrime da Polícia Judiciária, que nas últimas semanas, só entre os ataques mais mediáticos, tem em mãos os casos da Impresa, da Cofina, do site do Parlamento, Vodafone e agora este.

Em comunicado enviado aos parceiros, os laboratórios Germano de Sousa anunciaram ontem que, por motivos de segurança, não vão funcionar até ao próximo domingo, o que para já afetou também testes à covid-19 já marcados, bem como outros exames. A Direção Geral da Saúde admite de resto que, na contabilização de casos diários de covid-19, faltarão notificações de análises feitas nestes laboratórios.

Na sequência do ataque informático, o laboratório afirma “não existir qualquer evidência” de que os dados dos doentes tenham sido comprometidos, adiantando que está a colaborar com as autoridades competentes.

“A nossa equipa de cibersegurança está em estreita articulação com todas as autoridades competentes, nomeadamente, a Polícia Judiciária, a CNPD [Comissão Nacional de Proteção de Dados] e o Centro Nacional de Cibersegurança”, adianta em comunicado o grupo detentor de uma rede de laboratórios de análises clínicas espalhadas pelo país.