Ana João Rodrigues. “Existem homens e mulheres na Ciência, mas a verdade é que há diferenças de oportunidade para os dois géneros”

O i esteve à conversa com a investigadora que ganhou uma bolsa ERC que garante dois milhões de euros para perceber de que forma o cérebro perceciona e codifica o prazer e a aversão.

Durante muitas décadas, os homens foram sempre mais aclamados do que as mulheres. Tal refletiu-se em áreas do saber como a Ciência, mas o paradigma começou a mudar. No entanto, não com a rapidez que poderíamos desejar: o Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência, que se celebra hoje – e apenas desde 2015 –, resulta “dos esforços da UNESCO, ONU Mulheres, UIT e outras organizações relevantes que apoiam e promovem o acesso das mulheres e raparigas à educação, formação e atividade de investigação científica, tecnológica, de engenharia e matemática”, como se lê no site oficial da ONU.

Segundo esta organização, a ciência e a igualdade de género são “vitais” para alcançar os objetivos de desenvolvimento acordados internacionalmente, incluindo a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Por isso, tem auxiliado meninas e mulheres a enveredarem pela ciência e chegarem onde ambicionam. Ainda assim, depois de ter realizado um estudo em 14 países, concluiu que “a probabilidade de mulheres obterem o grau de licenciatura, mestrado e doutoramento em campos relacionados com a ciência é de 18%, 8% e 2%, respetivamente; enquanto as percentagens masculinas são de 37%, 18% e 6%”.

É por estes motivos que a investigadora e professora universitária Ana João Rodrigues, de 40 anos, acredita que esta data não pode continuar a passar despercebida em Portugal. “Vejo a inclusão das mulheres como algo que pode ajudar a diversificar as formas de liderança, as metodologias de interação com a própria equipa, etc. São visões complementares. Quando recruto alguém para a minha equipa, não quero saber se é homem ou mulher: aquilo que me importa é perceber se é competente e tem o perfil adequado”, garantiu em declarações ao i.

“Se tivesse de me candidatar novamente a uma ERC, já sabia aquilo que escreveria. Não tenho é tempo para pôr as minhas ideias em prática. Que, muitas das vezes, nem estão relacionadas com esta questão do prazer e da aversão. Na semana passada, estava a falar com um colega meu e disse-lhe: ‘Estou a pensar em fazer outro doutoramento’ e ele riu-se. Perguntou em que área seria e eu respondi: ‘Se calhar em Física’. Gostava de perceber o início e o fim do Universo: o que há para além dele? Está em expansão, contração…? O que existe para além dele? Continuo a ser tão curiosa como era em pequena”, esclareceu a também professora universitária da Universidade do Minho, apelando ao próximo Executivo que invista mais na Ciência.

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