Suspeito de executar com seis tiros homem chinês em Setúbal detido em Madrid

Na origem do homicídio estará uma dívida de 70 mil euros que a vítima contraiu com traficantes de meixão – enguia juvenil cuja apanha é ilegal em Portugal, mas cujo quilo vale mais de seis mil euros em mercados asiáticos.

Foi detido em Madrid um suspeito de ter torturado e executado com seis tiros num terreno baldio no porto de Setúbal, em maio de 2019, um homem de nacionalidade chinesa de 32 anos por causa de dívidas a uma rede de tráfico de meixão que operava na cidade. A notícia foi esta quinta-feira avançada pelo Jornal de Notícias.

O homem, um de dois suspeitos de nacionalidade chinesa, foi detido em Madrid no início deste mês, num hotel na zona de Léganés e aguarda hoje extradição para Portugal.

O suspeito já está acusado do crime de homicídio qualificado pelo Ministério Público de Setúbal, que deduziu acusação no final do ano e esperava agora pela localização e detenção do alegado homicída para o levar a tribunal. O segundo suspeito continua em parte incerta mas, tal como o agora detido, é alvo de um mandado de detenção internacional, que foi emitido pouco tempo depois do homicídio.

Na origem do homicídio estará uma dívida de 70 mil euros que a vítima contraiu com traficantes de meixão – enguia juvenil cuja apanha é ilegal em Portugal, mas cujo quilo vale mais de seis mil euros em mercados asiáticos. A rede é ainda conotada por tráfico de droga, mas esta é maioritariamente realizada a partir de Espanha, entre Madrid e Barcelona.

Sem meios para conseguir pagar a dívida dentro dos prazos acordados, a vítima foi assassinada pelos dois suspeitos. O cadáver foi encontrado ao início da manhã de dia 4 de maio de 2019, um sábado, numa zona erma do Parque Industrial da Sapec, em Setúbal, perto do Estuário do Sado. O corpo estava num terreno de terra batida de acesso à ETAR, um local onde passam apenas trabalhadores portuários, tendo sido encontrado por um membro da equipa de segurança da empresa.

O homem foi assassinado com seis tiros no peito e na cara, que ficou ainda desfigurada pelas agressões a que foi sujeito. Não tinha documentos de identificação, o que tornou difícil o trabalho de investigação. Mas, ainda assim, nesse fim de semana, a PJ identificou os suspeitos, que fugiram numa carrinha para fora do país.

A viatura foi encontrada no mesmo hotel onde o homicida foi agora detido.