Soy Gio: o guilty pleasure do momento

Soy Gio, além de ser entretenimento puro, é um reality feito à la Kardashian, com todos os ingredientes e com uma produção imaculada da Netflix. 

O muito antecipado reality de Georgina Rodriguez, namorada de Cristiano Ronaldo, estreou estrategicamente em janeiro, no dia em que fazia 28 anos, com pompa e circunstância e direito a projeções no Dubai, cortesia do seu mais que tudo. 

E embora muitos digam que não vão ver, que não percebem como há pessoas que vêem, que é tudo desnecessário, que há tanta coisa boa para ver, que não merece o seu tempo, a verdade é que entrou logo a liderar o Top-10 da Netflix em Portugal e também no top ranking em vários outros países. 

Eu acho que devem ver (e sou licenciada em cinema e não me caiu nenhum parente na lama por isso). 

Soy Gio além de ser entretenimento puro – e não é disso que estamos todos a precisar? – é um reality feito à la Kardashian com todos os ingredientes e produção própria dos mesmos e com uma produção imaculada, ou não estivesse às mãos do gigante Netflix.

Tem as histórias exclusivas, os momentos de intimidade, os bastidores, a família e uma aparente normalidade que quase vicia. Mas ao mesmo tempo tem tudo aquilo que nós, comuns mortais, não temos: viagens constantes em aviões privados, boxes de Fórmula 1, celebridades, passadeiras, vermelhas, entourage, luxo e tudo o que num piscar de olhos a fortuna de Cristiano pode alcançar. 

É este limbo que cria momentos fascinantes, até cómicos, em que ‘las queridas’ ou ‘mis amores’ entram no nosso léxico e nas centenas de memes que lhe seguiram. É este limbo que o torna quase um fenómeno da cultura pop – algo analisado e até estudado dos mais diferentes ângulos e que, como tal, também nós, os profissionais do marketing e comunicação, devem seguir. 

Giorgina era uma miúda normal a quem saiu o Euromilhões (embora ela continue a jogar não se sabe bem para quê) e quem é que não gosta de ver um sonho realizado.

Tem momentos maus? Tem. Tem oportunismo? Tem. Tenta criar uma imagem idílica de Gio? Provavelmente. Tem cenas ridículas? Tem. Tem pirosada? Sim, muita. 

Mas traz-nos também um vislumbre e proximidade de um dos nossos maiores ícones que, pela primeira vez, de forma tão deliberada deixou abrir as portas de sua casa: vemos o interior, os carros, os filhos, a intimidade. Vemos um outro Cristiano Ronaldo que ao mesmo tempo é tudo o que já sabemos dele. 

E há algo de bonito nisso, em tudo o que surgiu do seu talento e que de repente se transforma numa espécie de novela de sucesso. 

Talvez por eu gostar muito do Cristiano tenha essa curiosidade de saber mais e de ver algo que nunca vi – ele promete para um dia o seu próprio reality e eu cá estarei na primeira fila – mas mesmo que não gostasse assim tanto dele, há algo de viciante nestes formatos. E num registo documental que tem crescido em popularidade e que se torna cada vez mais relevante em todas as plataformas de streaming.

A verdade é que, detratores à parte, parece que há uma 2.ª temporada que vem por aí, focada agora na vida em Manchester e mais nos gémeos. 

E eu cá estarei para ver e para falar do fenómeno. 

Assim como cá estarei para ver as séries mais populares, os filmes de autor ou os projetos mais nicho que possam também surgir. Quando se é fã de todo o tipo de conteúdos, e ainda apor cima até se trabalha na área, ver muita coisa é fundamental para formar o nosso espírito crítico, construtivo e até criativo.