Jihadista luso-holandesa condenada a quatro anos e meio de prisão

Recorde-se que a jovem era acusada de colaborar com o Estado Islâmico (EI) durante seis anos. O Ministério Público neerlandês tinha pedido seis anos de pena. 

A luso-holandesa de 26 anos Ângela Barreto foi condenada, esta sexta-feira, pelo Tribunal de Roterdão a quatro anos e meio de prisão pelos crimes de recrutamento de jovens e tráfico de armas, nos Países Baixos, segundo avança o jornal daquele país De Telegraaf. Esta será a sentença mais alta no país para um caso desta natureza. Recorde-se que a jovem era acusada de colaborar com o Estado Islâmico (EI) durante seis anos. O Ministério Público neerlandês tinha pedido seis anos de pena. 

De acordo com a SIC, Jeffrey Jordan, advogado de Ângela Barreto, pretende utilizar pelo menos um dos dois recursos ainda disponíveis. 

A luso-holandesa está detida há cerca de um ano, pelo que não esteve presente na leitura da sentença, que corroborou que a 'noiva da jihad' colaborou com o EI de forma livre e voluntária. Ao longo dos seis anos que esteve na Síria, Ângela mostrava-se como apoiante da ideologia islâmica, ao publicar fotografias em que aparecia armada, oferecendo apoio a execuções públicas divulgadas pela propaganda do EI. Além disso, a jovem também conseguiu recrutar pelo menos três jovens holandeses. 

No julgamento, que começou no início de fevereiro, a acusação considerou que a 'noiva da jiad', que viveu no califado e foi casada com três líderes do EI, entre os quais Fábio Poças e Nero Saraiva, ambos portugueses, foi responsável por convencer jovens neerlandesas a juntarem-se ao grupo terrorista.

Para o promotor público, citado pelo De Telegraaf, Ângela Barreto "contribuiu para a morte de muitas vítimas que foram brutalmente assassinadas e permaneceu no califado", ao considerá-la uma "verdadeira mulher do EI", visto que "a organização, implacável, contava com ela". 

Segundo o Ministério Público neerlandês, a jovem luso-holandesa, antes de se alistar, pesquisou sobre a guerra na Síria, e depois da queda do EI, esta terá confessado à mãe o desejo de que o filho crescesse forte, para matar o maior número possível de 'infiéis'.

Já em tribunal, a 'noiva da jiad' não convenceu quando disse ter procurado regressar, ao se aperceber de que a vida de aventura não passava de uma ilusão.

"Distancio-me completamente do EI, acho terrível o que eles fizeram", admitiu a luso-holandesa, na altura, em lágrimas. "Estou envergonhada e peço desculpa a todas as vítimas. Sinto-me muito mal", lamentou. 

Jeffrey Jordan garantiu que esta vivia "num mundo de sonhos", tendo uma juventude difícil, marcada pela miséria e pela passagem por instituições juvenis. "Ela não se radicalizou", garantiu a defesa. 

Aos 18 anos, Ângela Barreto viajou para a Síria, em 2014, onde se casou com o português do EI, Fábio Poças, que conheceu na Internet. Voltou a casar, após a morte de Poças, e mais tarde, ainda teve um terceiro relacionamento com Nero Saraiva, outro português associado ao EI, que agora está detido numa prisão do Iraque.