Debate instrutório do caso BES adiado para 29 de março

Juiz Ivo Rosa cancelou início das diligências por motivo de doença mas atestado ainda não tinha dado entrada esta segunda-feira. 

Um ano e meio depois da acusação do Ministério Público, o início do debate instrutório do caso BES, um dos maiores processos de sempre na justiça portuguesa que tem no centro a acusação de Ricardo Salgado por 65 crimes, vai ser adiado mais de um mês. Previstas arrancar esta semana, as sessões foram canceladas por motivo de saúde do juiz Ivo Rosa, que segundo o i apurou, marcou uma nova data, 29 de março, mas esta segunda-feira ainda não tinha entregue na Comarca de Lisboa o atestado de doença que justifica a previsão de ausência prolongada.

O cancelamento das sessões foi tornado público esta segunda-feira de manhã, já em cima do acontecimento. Estavam marcadas até ao final do mês as duas primeiras sessões, mas o Tribunal Central de Instrução Criminal acabou por adiar o início desta fase processual, desmarcando todas as diligências previstas ainda em fevereiro e as de março deverão seguir o mesmo caminho.

Para esta segunda-feira estava marcada a audição dos assistentes Manuel Jesus Oliveira e Irene Simões Oliveira. Na terça-feira seriam Maria Beatriz Páscoa, Frederico Ferreira, Luís Neves e Rui Santos. Os primeiros de 123 assistentes no processo que deverão ser ouvidos. Antes do adiamento desta fase processual, facultativa, o início do julgamento já só era apontado para 2023. Essa foi a expectativa deixada no fim de semana, em declarações à agência Lusa, por Nuno Silva Vieira, advogado que representa 1600 lesados do BES. “Gostava que o processo-crime ao Universo Espírito Santo não fosse apenas um ato ruidoso, mas um momento para todos nos educarmos mais um pouco. Todos: advogados, juízes e cidadãos”, afirmou.

O caso BES agrega no processo principal 242 inquéritos e queixas de mais de 300 pessoas, singulares e coletivas, residentes em Portugal e no estrangeiro. Na acusação deduzida em julho de 2020, o Ministério Público defende que a derrocada do Grupo Espírito Santo (GES), em 2014 terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros, considerando que Ricardo Salgado governou o Grupo Espírito Santo “de forma autocrática”, sendo o principal responsável pela queda do universo Espírito Santo.