Omicron 2 já representa 42,5% dos casos. Reinfecção é possível

Com diagnósticos a baixar, subiu o peso da BA.2. No Reino Unido foi ligada a mais sintomas intestinais.

A segunda linhagem da Omicron (BA.2) está mais perto de se tornar dominante em Portugal.

No balanço semanal da diversidade genómica do SARS-COV-2 no país, o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, que acompanha a dinâmica das diferentes variantes do vírus, estima que a Omicron 2 tenha agora um peso de 42,4% nos novos casos de covid-19, quando há uma semana representava 24,3% das infeções. Os diagnósticos de covid-19 em Portugal mantêm uma trajetória descendente, com os internamentos também a baixar, mas a mortalidade mantém-se ainda no vermelho, duas vezes acima da linha vermelha definida pelo Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças. O indicador proposto pelos peritos e adotado pelo Governo para um futuro levantamento de todas as restrições associadas à covid-19, o que implicará que a mortalidade atribuída à covid-19 desça para menos de 15 óbitos por dia. Esta segunda-feira registaram-se mais 28 óbitos associados à covid-19 em Portugal, com a mortalidade ainda acima do nível de alerta.

Uma das questões que se tem colocado com a circulação da BA.2, não parecendo ser mais severa, é se uma eventual maior contagiosidade e menor proteção conferida pelos anticorpos poderá motivar reinfeções num intervalo mais curto de tempo e o que acontecerá à medida que a proteção diminui.

A Direção Geral da Saúde ainda não fez o ponto de situação sobre as reinfeções registadas no país. Um estudo publicado esta semana com base em dados dinamarqueses, um dos países onde a BA.2 se começou a espalhar mais cedo, sugere que quem esteve infetado com a Omicron 1 (BA.1) pode ser reinfetado com esta segunda linhagem mesmo passando pouco tempo, mas até aqui foi raro. Mais: dos 47 casos detetados numa amostra de 1,8 milhões de infeções entre 22 de novembro e 11 de novembro, 42 eram pessoas não vacinadas e nenhum requereu hospitalização.

Tratou-se de reinfeções pelo menos 20 dias desde a infeção anterior até 60 dias depois. A taxa de reinfeção parece ser baixa, concluem os autores do trabalho publicado na plataforma de pré-publicação medrxiv.org. “Temos evidência de que reinfecções com Omicron BA.2 ocorrem pouco tempo depois de infeções com BA.1 mas são raras”, escrevem.

Diarreia pode ser mais comum e dar ‘falso negativo’ No Reino Unido, onde há um estudo sobre sintomas de covid-19 em curso, o projeto ZOE Covid Sympton, parece haver uma maior associação desta variante a sintomas gastrointestinais. Um alerta deixado na semana passada pelo coordenador, Tim Spector. Diarreia e dor abdominal passaram a ser os sintomas mais reportados, o que levou a esta suspeita. “Pensamos que a covid-19 causa diarreia porque o vírus invade as círculas nos intestinos e altera a sua função normal”, disse. “Sabemos que o vírus viaja por diferentes partes do corpo. É possível que a Omicron ou outra variante esteja a atacar os intestinos. Isto não se manifestaria no nariz, por isso pode ter-se uma infeção intestinal sem testar positivo”.