Importar eletricidade já está a sair mais caro

Portugal importou 33,9% do consumo em fevereiro.

O preço da eletricidade no mercado grossista ibérico (MIBEL) disparou nos últimos dias e aproxima-se agora a passos largos do máximo histórico de 383,67 euros por MWh de 23 de dezembro de 2021. O preço atingiu esta quarta-feira 341,06 euros por megawatt hora, uma subida a pique nos últimos dias, numa altura em que o gás natural encareceu na Europa com o agravamento da guerra na Ucrânia. No imediato, importar eletricidade para Portugal deverá sair mais caro e em fevereiro essa foi uma das opções para manter os custos de eletricidade mais controlados diante da situação de seca que travou a produção hídrica e fim da produção a carvão.

Os dados da REN, que o i analisou, revelam que em fevereiro o saldo importador de eletricidade teve um peso de 33,2% no consumo. Na semana passada, a REN indicou a este jornal que não se trataria de um recorde, visto que tal aconteceu em agosto de 1985, quando o país importou 41% da eletricidade consumida nesse mês. Ainda assim, trata-se de um duplicar do recurso ao mercado ibérico face a janeiro e um dos valores mais altos dos últimos 20 anos. A REN garantia então que não havia défice de capacidade nacional e que a opção pela importação se colocou apenas quando sai mais barato do que a produção nacional. 

O preço médio diário do MWH estava ontem calculado em 254 euros, já bastante acima do final da semana passada, o que vem complicar a gestão, embora o Governo já tenha garantido que há reservas elevadas de gás natural. No primeiro dia de março, o peso do saldo importador no consumo já foi bastante inferior ao do histórico de fevereiro, com maior recurso ao gás natural do que em muitos dias de fevereiro. A importação abasteceu 18,9% do consumo, patamar onde só esteve três vezes em fevereiro, com dias perto dos 60%.