Rio quer Ucrânia na UE para “mostrar a Putin” que não faz o que quer

O líder social-democrata acredita que, ao conferir o estatuto de candidato a Estado-membro, a União Europeia está também “a mostrar a Putin que está a conseguir precisamente o contrário do que ele pretende”. 

O presidente do PSD mostrou-se favorável a conferir à Ucrânia o estatuto de candidato a Estado-membro da União Europeia (UE), ainda mais para mostrar ao presidente da Rússia que está a conseguir “precisamente o contrário do que pretende”.

“Na origem de tudo isto, da formação da CEE [Comunidade Económica Europeia], hoje UE, está a paz, a paz na Europa. Razão mais forte é muito difícil de encontrar, não há razão mais forte do que essa”, defendeu Rui Rio em declarações aos jornalistas, esta quinta-feira, à margem de um almoço com a embaixadora da Ucrânia em Portugal.

“O PSD – e eu penso que será também a tendência do Partido Popular Europeu, ao qual o PSD pertence – está favorável a esse estatuto”, acrescentou, embora reconhecendo que, até à adesão, “há um longo caminho a percorrer”.

O líder dos sociais-democratas lembrou igualmente que a CEE não foi criada para “promover a economia entre países”, mas sim para “promover a paz na Europa na sequência das guerras mundiais que tivémos no século XX”.

Nesse sentido, argumentou, “aquilo que está em causa neste momento, mais do que qualquer objetivo de natureza económica, é vir às origens daquilo que é hoje a UE, da luta pela paz e pela liberdade”.

“Se há luta pela paz e pela liberdade, neste momento, é justamente na Ucrânia, daí que para o PSD faça sentido conferir à Ucrânia o estatuto de candidato a Estado-membro da UE, em nome desses principios”, frisou. 

E foi mais longe: “Ao fazermos isto, estamos também a mostrar a Putin que está a conseguir precisamente o contrário do que ele pretende. Aquilo que ele mais queria – que era conquistar a Ucrânia – ainda não conseguiu e eu admito mesmo que caso consiga a ocupação formal da Ucrânia, será muito difícil de manter o país. A Rússia poderá ter ali um problema para anos e anos.”

Questionado sobre se o Governo português já deveria ter afirmado a mesma posição, Rio disse compreender a prudência, mas pediu alguma rapidez.

“Eu percebo que é mais fácil a um partido da oposição tomar de imediato uma posição de princípio e que um Governo tem de ser mais prudente e tem de articular com restantes Estados-membros. Mas não me aprece que possa demorar muito tempo, sob pena de perder um dos efeitos úteis, que é a pressão sobre o presidente russo”, sublinhou.