Inacreditável Bolsonaro

Com a invasão feita, não disse nada além de que o Brasil era contra guerras e que o governo estava providenciando o resgate dos brasileiros que viviam na zona de guerra.

A invasão da Ucrânia coroa um período lamentável na diplomacia brasileira. O Presidente Bolsonaro coleciona desastres que comprometem o prestígio que o país sempre gozou internacionalmente. Costuma opinar em eleições em nações amigas, gerando constrangimentos como fez ao ser o último a reconhecer a eleição de Biden. Confunde política interna com externa, motivo pelo qual não foi ao evento promovido pelo governador de São Paulo, João Doria, com a presença do Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, para não estar com o governador de quem não gosta.

Este ano foi visitar a Rússia, dias antes da invasão, contrariando os diplomatas e militares que sugeriam adiar a viagem. E declarou que «o Brasil era solidário com a Rússia».

Com a invasão feita, não disse nada além de que o Brasil era contra guerras e que o governo estava providenciando o resgate dos brasileiros que viviam na zona de guerra. A embaixada dos EUA em Brasília pediu uma nota oficial de condenação à invasão e ficou sem resposta. O Brasil acompanhou Cuba, Nicarágua e Venezuela não assinando documento da OEA de repúdio à agressão de Putin. Também se uniu à Argentina para que o Mercosul não emitisse nota.

O voto do Brasil na ONU acabou acompanhando a proposta dos EUA e não a abstenção supostamente desejada por Bolsonaro. Segundo rumores nos meios diplomáticos, Biden teria mandado um recado direto no sentido de que a resposta americana seria dura e imediata. Mas continuou falando em «neutralidade.

Ainda na política interna: Bolsonaro afirmou que quem falava pelo Brasil era ele e não o vice-presidente, General Hamilton Mourão, em mais um gesto de descortesia para com o seu vice. E em plena crise mundial se divertia nas praias paulistas. 

Os brasileiros que integram o centro-democrático, políticos, empresários e profissionais liberais estão perplexos com as atitudes do Presidente, o que torna cada vez mais distante sua reeleição. Apesar do comportamento pessoal desastroso do Presidente, o governo tem aspetos altamente positivos, em especial na economia, na desburocratização, no combate às drogas, além de apresentar baixo nível de corrupção. Mas o Presidente coloca tudo a perder.
 
Variedades

– A centenária seguradora SulAmérica foi incorporada ao grupo hospitalar Rede D’Or, com mais de 60 hospitais de alta qualidade no Brasil. A empresa tem uma carteira com mais de quatro milhões de segurados na área de saúde, sendo a quinta do país. Os antigos controladores da seguradora terão um lugar no Conselho de Administração.

– Aquela que, talvez, seja a maior operação de troca de ações no Brasil foi a que levou dois dos herdeiros do lendário banqueiro Walther Moreira Salles a vender aos irmãos sua participação na holding que controla o Banco Itaú Unibanco. Fala-se em 12 mil milhões de reais  em parcelas anuais. Walther e João, que venderam suas ações, continuam ligados a outros negócios da família, mas dedicados à produção cinematográfica e à revista Piauí, de tendência esquerdista. Os irmãos produziram filmes como os documentários sobre Che Guevara e Lula da Silva. Os aviões executivos, dois, que levam os irmãos a Nova York e Paris, onde possuem apartamentos, continuam na empresa familiar.
 
– O Vasco da Gama, do Rio, se prepara para se tornar empresa.
 
– A Câmara aprovou a volta dos cassinos e bingos. A votação agora será no Senado. Avalia-se em mais de 200 mil empregos a serem gerados no curto prazo.
 
– Pandemia caindo. A semana decisiva para se avaliar agravamento pelas aglomerações do carnaval.