Medvedev, o russo que atingiu o topo do ténis mundial

Daniil Medvedev é o primeiro colocado no ranking mundial da ATP, acabando com a hegemonia dos ‘Big Four’ que se mantinha desde 2004. Isto em tempos polémicos para os atletas russos, que a Federação Internacional de Ténis proibiu de usar símbolos nacionais. 

Ao mesmo tempo que as diferentes federações e órgãos internacionais de desporto, da FIFA à UEFA, passando pelo Comité Olímpico Internacional (COI), avançam a toda a velocidade com um boicote à Rússia e aos seus atletas, Daniil Medvedev, o tenista de 26 anos nascido em Moscovo, subiu até ao primeiro lugar do ranking mundial da ATP, destronando o sérvio Novak Djokovic e acabando com a ‘hegemonia’ de Nadal,  Djokovic, Federer e Murray, o conhecido ‘Big Four’, que controlava o primeiro lugar da classificação mundial desde 2004, há cerca de 18 anos.

Medvedev tornou-se no 27.º atleta a alcançar este posto, num período particularmente complicado para os atletas internacionais russos. Depois da escalada da violência russa na Ucrânia, por exemplo, o Comité Olímpico Internacional incentivou as diferentes federações mundiais desportivas a ‘boicotar’ os eventos organizados na Rússia, ou a própria participação de atletas ou equipas russas nas suas competições. A FIFA e a UEFA, aliás, expulsaram mesmo o emblema nacional russo e todos os clubes do país das suas competições internacionais.

Assim, Medvedev tornou-se alvo dos olhos curiosos, por um lado pelo feito conquistado, mas por outro pela bandeira que carrega ao lado do seu nome. 

Na terça-feira, aliás, a Federação Internacional de Ténis anunciou que vai proibir a Rússia e a Bielorrússia de competir em torneios de equipas, mas vai permitir aos atletas desses países continuar a competir, sem qualquer identificação nacional. «A Federação Internacional de Ténis condena a invasão russa da Ucrânia e o apoio da Bielorrússia», lê-se em comunicado oficial da FIT, onde, «para além de cancelar todos os eventos nesses países», o órgão que tutela o ténis internacional anunciou a «suspensão imediata da filiação na FIT da Federação Russa de Ténis e da Federação Bielorrussa de Ténis, bem como da participação em competições internacionais em equipas».

Demonstrando «solidariedade», com a Ucrânia, a FIT garantiu manter-se em «contacto próximo» com a Federação Ucraniana de Ténis (FUT).

A FUT, aliás, não poupou nos pedidos à Federação Internacional de Ténis, a quem enviou uma carta a solicitar que os tenistas da Rússia e da Bielorrússia deixassem de fazer parte dos seus torneios. Seva Kewlysch, presidente da FUT, mostrou-se completamente inflexível sobre os efeitos que este pedido poderiam ter com Daniil Medvedev e a sua presença nos principais torneios mundiais, afirmando: «Medvedev não deve jogar em Roland Garros, Wimbledon e no US Open».

Kewlysch dirigiu esta carta ao órgão que gere internacionalmente o ténis, por não querer ver o tenista russo como número um. «Vamos deixar o Medvedev jogar nos torneios ATP, mas os Grand Slams são torneios ITF. Se não puder jogá-los, nunca será número um. Teriam vergonha de ser expulsos de uma competição agora», concluiu o ucraniano.
ATP e WTA: ténis em choque

O comunicado emitido pela FIT contou também com as assinaturas da Associação de Profissionais de Ténis (ATP, na sigla em inglês), e a Associação de Ténis de Mulheres (WTA, na sigla em inglês), que anunciaram a suspensão de um torneio misto marcado para o mês de outubro, em Moscovo. «Um profundo sentimento de angústia, choque e tristeza foi sentido em toda a comunidade de ténis após a invasão da Ucrânia pela Rússia na semana passada. Os nossos pensamentos estão com o povo da Ucrânia e elogiamos os muitos tenistas que se manifestaram e tomaram medidas contra esse ato inaceitável de agressão. Ecoamos os seus apelos para que a violência termine e a paz retorne», pode-se ler no comunicado conjunto, onde ATP e WTA afirmam que a sua principal preocupação tem sido «contactar  jogadores atuais e antigos, e outros membros da comunidade de ténis da Ucrânia e países vizinhos, para verificar sua segurança e oferecer qualquer assistência».