Lisboa. Ryanair diz-se forçada a cancelar 19 rotas para o verão

Michael O’Leary, CEO da low cost, prometeu e cumpriu. Em causa está o facto de o Governo não ter desbloqueado os slots que a TAP não pode utilizar no aeroporto de Lisboa.

O aviso já tinha sido feito até mais que uma vez ao primeiro-ministro António Costa. E se o CEO da Ryanair, Michael O’Leary, prometeu, agora cumpriu: a companhia aérea low cost diz-se “forçada a reduzir o número de aeronaves baseadas em Lisboa, de 7 para 4, para o Verão 2022”, medida que provoca o cancelamento de 5000 voos, 900 mil passageiros e ainda de 19 rotas de Lisboa para o verão deste ano.

Em causa está o facto de a TAP “continuar a bloquear slots no aeroporto de Lisboa, dos quais não pode nem irá utilizar neste verão”.

A companhia aérea diz ainda que “os cancelamentos irão reduzir as opções de viagem para todos os visitantes, bem como a perda de 150 empregos bem pagos na área da aviação, em Lisboa”.

Os cancelamentos, que a Ryanair garante que “poderiam ser evitados”, surgem depois de “inúmeras tentativas, por parte da Ryanair, em solicitar ao Governo português que interviesse na libertação dos slots inutilizados pela TAP no Verão 2022”, diz a low cost em comunicado.

E deixa várias críticas à companhia aérea portuguesa: “Enquanto a Ryanair continua a contribuir para o crescimento e investimento em Portugal, a TAP recebeu 3 mil milhões de euros em auxílios estatais, reduziu a sua frota em 20%, terminou com milhares de postos de trabalho e ainda libertou apenas menos de 5% dos seus slots em Lisboa, bloqueando assim o crescimento de outras companhias aéreas. Impedir concorrentes como a Ryanair de utilizar estes slots  não utilizados, tem um impacto negativo na economia de Lisboa, com 5.000 voos cancelados (mais de 950.000 lugares a menos), menos 3 aeronaves (um investimento de 300 milhões de dólares), a perda de 150 empregos bem pagos na área da aviação e mais de 250 milhões de euros em receitas turísticas perdidas para Lisboa este Verão”, acusa.

E confirma ainda que as três aeronaves e as 19 rotas perdidas irão regressar a Lisboa apenas em outubro “para a programação de inverno da Ryanair, uma vez que possui slots suficientes no inverno para estes voos”.

Já o Michael O’Leary fala em “inconveniente desnecessário para todos os passageiros destes voos cancelados e a perda de 19 rotas devido ao bloqueio de slots não utilizados pela TAP no Verão de 202, em Lisboa”. Lamentando a decisão, o responsável garante que “este bloqueio anticoncorrencial de slots impede o crescimento e atrasa a recuperação do tráfego, turismo e empregos em Lisboa”.

“Os nossos últimos esforços para pedir ajuda ao primeiro-ministro António Costa resultaram num total de 0 respostas”, garante, acrescentando que a perda destas 19 rotas e cinco mil voos “irá impactar a recuperação pós-Covid em Lisboa, pelo que a cidade irá ficar para trás, comparativamente a outras capitais da Europeias”. 

E recorda que “todos os passageiros afetados por estes cancelamentos irão receber notificações no email até ao final desta semana, com a possibilidade de reembolso ou voos alternativos de/para Lisboa para o verão 2022”.