Basquetebolista norte-americana detida na Rússia

Enquanto passava pela alfândega no Aeroporto de Sheremetyevo, perto de Moscovo, a atleta foi detida por alegada posse de óleo de haxixe. As dúvidas sobre o seu paradeiro multiplicam-se.

Brittney Griner, a basquetebolista norte-americana de 31 anos sete vezes All-Star da WNBA e duas vezes campeã olímpica pelos EUA, tinha acabado de chegar ao Aeroporto de Sheremetyevo, perto de Moscovo, depois de um voo de mais de nove horas proveniente de Nova Iorque, quando foi detida pelo Serviço Federal da Alfândega da Rússia. “Quando um cidadão dos EUA passava pelo canal verde no aeroporto de Sheremetyevo ao chegar de Nova Iorque, um cão de serviço do departamento canino da Alfândega de Sheremetyevo detetou a possível presença de substâncias narcóticas na bagagem que o acompanhava”, disse um comunicado do serviço de alfândega russo, que, após uma revista da bagagem da basquetebolista, “confirmou a presença de vape com líquido com cheiro específico, e um especialista determinou que o líquido era óleo de canábis (óleo de haxixe), que é uma substância narcótica”. O crime, recorde-se, pode levar a atleta a ser condenada a até dez anos de prisão.

A detenção fez soar alarmes nos Estados Unidos, onde a companheira de Brittney Griner, apelou publicamente à libertação da atleta, cujo paradeiro – e estado de saúde – é ainda desconhecido. “Nós amamos-te baby! As pessoas dizem ‘fique ocupada’, no entanto, não há uma tarefa neste mundo que possa impedir qualquer um de nós de nos preocuparmos contigo. Os nossos corações estão aos saltos”, escreveu Cherelle no Instagram, exigindo receber alguma informação sobre o estado atual de Griner.

Recorde-se que a basquetebolista norte-americana chegou a Moscovo em fevereiro deste ano, para jogar com as cores do UMMC Yekaterinburg, cujo plantel desde 2016 durante todas as offseasons da WNBA. Aliás, a última vez que Griner publicou algo na rede social Instagram foi precisamente em 5 de fevereiro, dias depois de jogar o seu último jogo pelo UMMC antes do arranque da pausa de duas semanas na liga russa para o torneio de qualificação para a Copa do Mundo da FIBA.

Segundo informações avançadas pela comunicação social norte-americana, a Alfândega russa reconheceu, em comunicado, que Griner foi detida em fevereiro de 2022, sem, no entanto, especificar o dia em que a detenção aconteceu.

timing A detenção de Griner acontece num momento em que a tensão entre Rússia e Estados Unidos atinge todos os dias novos recordes, especialmente devido à invasão russa da Ucrânia. Neste âmbito, não se avizinha um fácil processo para a basquetebolista, que poderá ser utilizada como um peão político na troca de acusações e negociações entre norte-americanos e russos.

Um membro do Comité das Forças Armadas da Câmara dos EUA disse, aliás, que “será muito difícil” tirar Griner da Rússia. “As nossas relações diplomáticas com a Rússia são inexistentes no momento”, disse o deputado democrata John Garamendi, da Califórnia, à CNN, complementando: “Talvez durante as várias negociações que possam ocorrer, ela possa ser uma das soluções. Não sei.”

O caso de Griner, alerta Garamendi, poderá ainda ser agravado pela posição conservadora e rígida que o Governo de Moscovo tem relativamente à comunidade LGBT. “A Rússia tem regras e leis LGBT muito, muito estritas”, acusa, sem, no entanto, ter certezas sobre se este dado pesará no tratamento de Griner.