Jovens mais ativos na vida política “não-eleitoral”

Jovens portugueses votam cada vez menos, optando por uma participação política menos convencional. Inadequação dos partidos pode ser explicação.

A forma como as gerações mais novas se expressam politicamente está a mudar. Esta é uma das conclusões do estudo sobre a Participação Política da Juventude em Portugal, promovido pelo Fórum Gulbenkian Futuro, que sugere que, apesar de os jovens portugueses votarem cada vez menos, não deixam de ser politicamente interessados.

De acordo com o relatório, “o voto tende a não ser a experiência participativa mais marcante ou desafiadora nos percursos individuais” e é visto como excessivamente “institucionalizado” e “limitado na sua influência”. Neste campo, quem “se posiciona à direita reporta maior propensão para votar e quem se posiciona à esquerda maior propensão para as restantes formas de participação”.

Assim, os modelos de participação mais “convencional”, como a ida às urnas ou a comícios partidários, são substituídos por manifestações, petições, debates nas redes sociais e boicotes a produtos – aquilo que um dos coordenadores do estudo, Pedro Magalhães, denomina de “participação cívica”.

Na base desta alteração participativa está uma estratégia de comunicação e mobilização dos partidos “inadequada para os mais jovens”, aponta o relatório, acrescentando que as estruturas juvenis dos partidos estão subjugadas a uma “visão predominantemente instrumental”.

Em contraste com a militância partidária, a participação cívica, canalizada através do associativismo, surge como sendo uma forma “mais direta e imediata” para gerações que querem respostas “mais urgentes”.

Os investigadores salientam igualmente que “a incapacidade em atribuir lugares de destaque aos mais jovens nas estruturas internas é vista como sinal da indisponibilidade para incluir as visões da juventude”.

Além de não se reverem nos partidos, pela “desadequação das suas propostas”, a percepção de representatividade num Parlamento “muito envelhecido” também não ajuda. Para este problema os investigadores colocam em cima da mesa a criação de quotas para jovens nas listas candidatas, em lugares elegíveis, de forma a assegurar a sua representação.