NB. ‘2021 foi o ano do virar de página’

Banco apresentou resultados positivos nos últimos quatro trimestres, mas vai pedir uma nova injeção de 209,2 milhões ao Fundo de Resolução. Pedido já fez estalar verniz.

«2021 foi o ano do virar de página e de rentabilidade positiva. Um ano de marcos históricos, com o regresso aos mercados financeiros, uma nova marca e do novo modelo de distribuição. Os quatro trimestres de lucros consecutivos revelam um crescimento sustentável do modelo de negócio, para continuar a apoiar as empresas e as famílias portuguesas». A garantia foi dado ao Nascer do SOL por António Ramalho, no rescaldo da apresentação de resultados. 

A instituição financeira apresentou um resultado positivo de 184,5 milhões no ano passado, um valor que contrasta com as perdas do ano anterior de 1329,3 milhões de euros. «O resultado representa o primeiro resultado positivo anual do grupo desde a sua criação, sendo determinante para o fim do processo de reestruturação iniciado em 2017», disse a instituição financeira liderada por António Ramalho.

Mas apesar deste resultado, o banco vai pedir mais 209,2 milhões de euros ao Fundo de Resolução. Isto porque o contrato com o Lone Star estipula um rácio de 12%, que não será cumprido caso não seja levado a cabo esta nova injeção. Recorde-se que o mecanismo de capital contingente foi criado em 2017, aquando da venda do Novo Banco pelo Fundo de Resolução ao fundo norte-americano Lone Star. Este mecanismo visa proteger o novobanco das perdas registadas num conjunto determinado de ativos problemáticos herdados do BES, vigorando até 2026. E ao abrigo deste acordo, o Fundo de Resolução ficou obrigado contratualmente a compensar o novobanco num montante que poderá ascender, no máximo, a 3,89 mil milhões de euros. Até à data, já foram realizadas injeções no valor de 3,4 mil milhões.

O Fundo de Resolução já veio garantir que «não é devido qualquer pagamento» por conta dos resultados do ano passado. «Apesar da insuficiência de capital apurada pelo novobanco, os dados disponíveis confirmam o entendimento do Fundo de Resolução de que, em cumprimento do acordo de capitalização contingente, não é devido qualquer pagamento relativamente às contas do exercício de 2021». 

Uma situação que levou Marcelo Rebelo de Sousa a afirmar que em «tempos de fim de pandemia ou de transição para a endemia e de guerra, dispensamos obras de Santa Engrácia», referindo que iria «aguardar a assembleia geral do banco, que está marcada para o final do mês de março, e depois a tomada de posse do Governo, para ver qual é a atitude do Governo e a posição do Fundo de Resolução».

Face a estas declarações, António Ramalho disse apenas: «Por educação e institucionalismo não comento palavras do senhor Presidente da República».

Aumento da atividade

O banco liderado por António Ramalho apresentou uma margem financeira e serviços a clientes de 855,9 milhões, um crescimento anual de 3,3% e 3,9%, respetivamente, o «que contribuiu para a melhoria do produto bancário comercial em mais 3,5% vs 2020». Já a melhoria da margem financeira, de acordo com a instituição financeira, «reflete a redução das taxas médias dos depósitos, o menor custo de financiamento de longo prazo e a manutenção da política de preços».

Os custos operativos apresentam uma redução face ao período homólogo (-5,4%; um decréscimo de 23,5 milhões), situando-se em 408, milhões, «que reflete, além do investimento no negócio e na transformação digital, o foco na otimização de custos e a implementação de melhorias ao nível da simplificação e otimização dos processos, traduzindo-se numa melhoria dos rácios de eficiência do banco».

E acrescenta que face ao resultado operacional core (produto bancário comercial – custos operativos) aumentou para 447,6 milhões (+13,3%; ou seja um acréscimo de 52,4 milhões face ao ano anterior), o que representa um «resultado da melhoria do produto bancário comercial e da redução dos custos operativos (-5,4%; -23,5 milhões em relação ao ano anterior), com investimento digital continuado e otimização operacional».

No final do ano passado contava com 4165 funcionários em Portugal, menos 395 face a 2020. Já o número de balcões era 310, menos 48 face ao anterior.

As imparidades para crédito de 149,4 milhões (-71,5% face a 2020) incluem 71,8 milhões de imparidade para riscos relacionados com a covid-19. O banco fala em «modelo de negócio sólido» com o crédito a clientes estável nos 23,7 mil milhões de euros e com os depósitos de clientes a subirem 4,7% para 26,6 mil milhões.