Guerra vai trazer de novo mais “tempos difíceis”, afirma Marcelo Rebelo de Sousa

Após o Conselho de Estado, o Presidente da República, numa declaração à comunicação social, disse que a condenação da invasão russa à Ucrânia é “unânime” e que “é dramaticamente urgente encurtar a guerra”, uma vez que vai repercutir consequências graves para o mundo e para o nosso país. 

Guerra vai trazer de novo mais “tempos difíceis”, afirma Marcelo Rebelo de Sousa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que a condenação da invasão da Ucrânia pela Rússia foi "unânime" na reunião do Conselho de Estado, que decorreu nesta tarde de segunda-feira, ao frisar que "não há como negar que é dramaticamente urgente encurtar a guerra", sendo que esta já está a causar grandes ruturas no mundo, bem como deverá dificultar a vida dos portugueses, que praticamente acabaram de se erguer após dois anos de pandemia. 

Após a reunião, que se debruçou apenas sobre o tema da guerra na Ucrânia, o chefe de Estado fez uma declaração à comunicação social, onde disse que "a quase unanimidade na condenação à agressão russa, só com quatro votos contra na ONU”, mostra como a conflito bélico incentivado pela Rússia é “chocante no tempo, na legitimidade” e na instabilidade criadas com a violação de princípios básicos.

“Não há como negar que a comunidade internacional rejeitou o que considera intolerável", sublinhou Marcelo, ao frisar que "é dramaticamente urgente encurtar a guerra, mas com serenidade e não com expedientes negociais, concebidos apenas para ganhar tempo ou paralisar a resistência e a unidade contra a agressão".

De acordo com o chefe do Estado não há dúvidas: “Não nos iludimos quanto aos tempos muito difíceis que aí estão ou aí vem”. E comparou a atual situação de crise da guerra com a pandemia, destacando que vai ser necessária enfrentá-la com a mesma “coragem e determinação dos últimos dois anos”, apelando a que os portugueses acolham “quem deve ser acolhido, refugiados vindos da Ucrânia, sem discriminações ou privilégio”.

"É crescente o apelo generalizado a um abreviar da guerra, por aquilo que poupa de custos humanos ao povo ucraniano e ainda, embora menos importante, pelo que limita de riscos de uma nova e mais complexa Guerra Fria, a destruir décadas de diálogo sobre a paz, o combate às desigualdades, à miséria, à fome, o clima e a saúde global", salientou o Presidente da República. 

Para Marcelo, Portugal tem estado à altura dos seus deveres, ao ajudar aqueles que tiveram de fugir das suas casas à procura de um abrigo no estrangeiro, fazendo "exatamente o que devíamos e deveremos continuar a fazer" e condenando ainda "o que praticamente todos viriam a condenar e condenámos muito antes da maior parte desses todos".

No entanto, o chefe de Estado avisa que se deve defender o "contrário de uma guerra generalizada", uma vez que os próximos tempos serão "muito difíceis". Tal como nos momento mas complicados da pandemia, "é preciso garantir bens essenciais, assegurar o funcionamento da economia, apoiar as empresas e cuidar das pessoas, em particular as mais pobres", asseverou Marcelo. 

Para isso, é preciso “clareza nas posições, mas serenidade na postura”. “Tal como na pandemia, porque acreditamos que vale a pena fazer tudo, mas mesmo tudo, para que a paz chegue e chegue depressa”, destacou. 

No início do mês, Marcelo Rebelo de Sousa tinha comunicado que ponderava convocar o seu órgão político de consulta “em tempo oportuno”, no caso de uma eventual “tomada de posição adicional” de Portugal em relação à ofensiva militar na Ucrânia.

O Governo português decidiu antecipar do segundo para o primeiro semestre a mobilização de uma companhia de infantaria composta por 174 militares, que atuará na Roménia ao abrigo da ‘Tailored Forward Presence’ da NATO.

Segundo o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, os 174 militares serão enviados para a Roménia, país fronteiriço com a Ucrânia, “em final de março, início de abril” e irão permanecer no sul do país.

Além da mobilização da companhia de 174 militares, Portugal também enviou equipamento militar para a Ucrânia, designadamente “coletes, capacetes, óculos visão noturna, granadas e munições de diferentes calibres, rádios portáteis completos, repetidores analógicos e espingardas automáticas G3”.

O Conselho de Estado reuniu-se pela última vez em e novembro do ano passado, com duas reuniões seguidas, primeiro com a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, e depois para se pronunciar sobre a dissolução do parlamento, na sequência do chumbo do Orçamento.

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