Ucrânia. Concedidos mais de 7.200 pedidos de proteção temporária

Na plataforma “SEFforUkraine.sef.pt” os refugiados podem pedir ajuda a Portugal. Atento às informações da Europol, este órgão de polícia criminal já controla as fronteiras terrestres com Espanha.

Até ao 19.º dia de guerra, Portugal concedeu mais de 7.200 pedidos de proteção temporária a refugiados ucranianos. A informação foi veiculada pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

Também ontem foi lançada a plataforma, em três línguas distintas, através da qual os refugiados podem submeter pedidos de proteção temporária. A ‘SEFforUkraine.sef.pt’ “possibilita a todos os cidadãos ucranianos e aos seus familiares (agregado familiar), bem como a qualquer cidadão estrangeiro a residir na Ucrânia, fazer ‘online’ um pedido de proteção temporária de um ano, prorrogável por dois períodos de seis meses”, garante o serviço de segurança, esclarecendo que disponibilizará o título de residência, o Número de Identificação Fiscal, o Número de Identificação de Segurança Social e o Número de Utente do Serviço Nacional de Saúde a quem se fixar em território nacional.

“Estes números de identificação dão acesso a cuidados de saúde em estabelecimentos públicos, candidatura a ofertas de emprego, proteção social, entre outros”, podendo os pedidos de esclarecimento ser enviados para o endereço SEFforUkraine@sef.pt. 

Ao final da tarde de ontem, e prestando atenção ao alerta lançado pela Europol “para a possibilidade de casos de tráfico de pessoas, em virtude do conflito na Ucrânia”, o SEF iniciou “uma operação de controlos móveis aleatórios nos principais pontos de passagem da fronteira terrestre com Espanha, e que decorrerá nas próximas semanas”.

“Paralelamente, realizam-se ações de fiscalização por todo o país com o objetivo de detetar eventuais crimes de tráfico de seres humanos e de angariação de mão-de-obra ilegal, com especial destaque para os menores não acompanhados e mulheres indocumentadas”, relatou, adiantando que “em complemento, a Europol está a disponibilizar meios para análise de dados e uma plataforma segura para o intercâmbio de informações com os intervenientes operacionais no terreno e com outros Estados-membros”.

Um caso que ilustra esta realidade é o de uma rapariga que conheceu um homem que lhe ofereceu ajuda através das redes sociais. “Ela fugiu da Ucrânia em guerra, não falava polaco. Confiou num homem que prometeu ajudá-la e dar-lhe abrigo. Infelizmente, tudo isto foi uma manipulação enganosa”, lamentaram as autoridades do país vizinho, citadas pela Sky News. O suspeito pode enfrentar uma pena de doze anos de prisão por ter abusado sexualmente da jovem refugiada.

Também na Polónia, um homem prometeu quarto e um emprego a uma jovem de 16 anos, mas as forças de segurança conseguiram intervir atempadamente, enquanto num campo de refugiados junto à fronteira de Medyka, um homem ficou sob suspeita por somente oferecer auxílio a mulheres e crianças.

Quase 23 mil ofertas de trabalho Naquilo que diz respeito ao mundo laboral, é importante mencionar que já há quase 23 mil ofertas de trabalho registadas na plataforma do IEFP para os refugiados ucranianos que cheguem a Portugal, segundo o Ministério do Trabalho, avançou ao ECO.

“Praticamente em todos os concelhos temos propostas de emprego” para cidadãos ucranianos, disse à Lusa Ana Mendes Godinho, há uma semana. A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social frisou a “enorme diversidade de profissões pretendidas, sendo os principais setores com ofertas de emprego as tecnologias de informação, transportes (motoristas), restauração e hotelaria, setor social e construção civil”.

Mais de 4,8 milhões de ucranianos fugiram desde o início da guerra, a 24 de fevereiro. Destes, 2,8 milhões deixaram o país, explicou esta segunda-feira o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR).