Jornalista que apareceu com cartaz contra Moscovo em direto num canal russo está desaparecida

Marina Ovsyannikova, editora do Channel One de 43 anos, foi detida depois de aparecer em direto nas costas de uma pivô russa, com um cartaz a apelar pelo fim da guerra e para que os russos não acreditem na propaganda que é transmitida pelo Kremlin. Os advogados que estão a ajudar Marina perderam o contacto com…

Jornalista que apareceu com cartaz contra Moscovo em direto num canal russo está desaparecida

Está desaparecida há, pelo menos, 12 horas a jornalista russa Marina Ovsyannikova, que invadiu uma emissão do canal de televisão estatal da Rússia, esta segunda-feira. Esta informação está a ser avançada pelos órgãos de comunicação social de vários países como The Telegraph, Fox 3 Now e The Sun. 

Segundo a organização não governamental (ONG) russa OVD-Info, os advogados da associação de diretos humanos, que estão em contacto com Marina, não sabem qual é o paradeiro da jornalista desde que foi detida. 

Ovsyannikova, editora do Channel One de 43 anos, foi detida depois de aparecer em direto nas costas de uma pivô russa, com um cartaz a apelar pelo fim da guerra e para que os russos não acreditem na propaganda que é transmitida pelo Kremlin. Segundo a Fox 3 Now, os advogados da jornalista não sabem onde está sob custódia, dado que também não conseguem contactá-la. 

Antes de protestar perante a emissão russa, Ovsyannikova gravou um vídeo que já está a circular na internet, onde a jornalista disse que aquilo que está a acontecer na Ucrânia é "crime", ao admitir que sente vergonha de trabalhar para o canal estatal.

"Estou envergonhada por ter me permitido contar mentiras na tela da televisão. Envergonhada por ter permitido que russos fossem transformados em zombies", sublinhou Ovsyannikova no vídeo. 

A jornalista também abordou a questão da anexação da Crimeia. Os russos ficaram "em silêncio em 2014, quando tudo isto estava apenas no começo", apontou Marina Ovsyannikova. "Não fomos a comícios quando o Kremlin envenenou Navalny. Apenas assistimos silenciosamente a este regime desumano. Agora o mundo inteiro afastou-se de nós, e mesmo 10 gerações de nossos descendentes não serão suficientes para lavar a vergonha desta guerra fratricida", vincou. 

A editora pode ser acusada do crime desacreditar as forças armadas russas, cuja condenação pode atingir os 15 anos, afirmou a Agência de Notícias Russa TASS, citando uma fonte de aplicação da lei. 

O Channel One é transmitido em toda a Rússia e defende a tese de que Moscovo foi forçado a agir na Ucrânia para desmilitarizar e "desnazificar" aquele país numa "operação militar especial".