Pedro Nuno Santos: “Obviamente que condeno, sem hesitação, o ataque russo à Ucrânia”

O ministro das Infraestruturas disse ao i que entende que a “Ucrânia tem todo o direito de querer pertencer à NATO”.

Ao fim de 20 dias de guerra, o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, condenou veementemente a invasão russa à Ucrânia. Até aqui o governante ainda não se tinha pronunciado de forma explícita sobre o assunto, mas, questionado pelo i, diz ser “violentamente contra” a ofensiva russa e defendeu que a “Ucrânia tem todo o direito de querer pertencer à NATO”.

Nas intervenções em público que fez durante as duas últimas semanas o ministro utilizou por várias vezes a expressão “conjuntura internacional” sem nunca se referir ao conflito pela semântica adotada pelo Governo. “Nunca o tinha feito porque ninguém me tinha questionado. Tão simples como isso, e como não ando no Twitter não tinha faldo em público sobre esta invasão russa, que recrimino absolutamente”.

“Era incapaz de me colocar ao lado do ataque das tropas russas na Ucrânia”, reiterou. 

Questionado pelo i sobre se o seu silêncio podia ser interpretado como uma colagem à posição adotada pelo PCP – que até hoje não condena o regime de Putin e insiste em apontar o dedo aos Estados Unidos, à União Europeia e à NATO – , Pedro Nuno Santos rejeita completamente a ideia. Mas salienta que a posição do Bloco de Esquerda é bastante diferente da do PCP.

Já em clara dissonância tanto com comunistas como bloquistas, Pedro Nuno Santos afirma que a Ucrânia, à luz do direito internacional, “tem todo o direito a querer integrar a NATO”, à semelhança de outros países do bloco do Leste. “A Ucrânia nunca foi uma ameaça para a Rússia”, acrescenta, sem querer adiantar-se à posição oficial do Governo português no que diz respeito à entrada da Ucrânia na Aliança Atlântica. 

Note-se que os antigos parceiros da ‘geringonça’ sempre se manifestaram contra “a máquina de guerra” da Aliança Atlântica, defendendo a neutralidade da Ucrânia no que se refere a esta matéria.

Sobre o seu silêncio, Pedro Nuno Santos reforça que nunca tinha sido diretamente abordado para assumir uma posição, até ser desafiado pelo i, mas garante que obviamente alinha pelo discurso do Executivo socialista e que não tem qualquer “hesitação em condenar o ataque russo à Ucrânia”.

Recorde-se que Pedro Nuno Santos sempre foi visto como o obreiro e “cimento” da geringonça, tendo conseguido uma maioria parlamentar durante seis anos, o que permitiu ao PS governar sem grande atritos, até ao chumbo do último Orçamento do Estado.