A Guerra, a Europa e Portugal!

O início da invasão no leste colocou a possibilidade de estarmos perante a III guerra mundial. Do ponto de vista bélico é mais que evidente que este conflito é jogado nas linhas vermelhas de uma bomba relógio com o ‘tic tac’ nuclear assombrar os decisores políticos. Mas do ponto de vista económico e social desde…

por Francisco Mota
Historiador e gestor de projetos 

A Guerra Fria ao longo dos últimos anos enraizou-se como batalha económica, ironicamente, com o comunismo a conquistar espaço ao mundo ocidental através do capitalismo. Entre chineses, coreanos e russos, lideram os mercados e as rotas comerciais, criando uma dependência nunca vista da Europa e do mundo perante estes regimes totalitários. Mas é a Europa que mais sofre com as opções políticas dos seus líderes. Ter abdicado da produção com o argumento e radicalismo ambiental, a desmilitarização e o desinvestimento em estruturas de defesa nacionais e a cedência nos valores sociais e culturais do velho continente fragiliza a nossa posição coletiva, que  incontornavelmente resultou numa Europa enfraquecida e sem capacidade diplomática e militar para esta guerra.

A tenebrosa realidade, diz-nos que numa guerra, nunca ninguém ganha, todos perdem, mas a maior vitória é a demonstração de unidade e lição de patriotismo que a Ucrânia dá ao mundo. Volodymyr Zelensky não é apenas o Presidente da Ucrânia, é o líder europeu que inspira o mundo. É uma lufada de esperança de liderança política. Mobilizou pelo exemplo o seu povo e sob os valores da liberdade e solidariedade demonstrou o amor à sua pátria sem rodeios ou medos. Esta poderá ser a razão, não porque que a Rússia  perca a guerra, mas pela qual não a ganhe.

O início da invasão no leste colocou a possibilidade de estarmos perante a III guerra mundial. Do ponto de vista bélico é mais que evidente que este conflito é jogado nas linhas vermelhas de uma bomba relógio com o ‘tic tac’ nuclear assombrar os decisores políticos. Mas do ponto de vista económico e social desde o início que se trata de um conflito mundial. O mundo, e bem, repudiou em uníssono esta ofensiva militar, usando a única arma não bélica disponível, as sanções económicas. A Rússia é atualmente o pais do mundo com mais sanções, no mapa geopolítico está isolada, restando-lhe muito pouco da economia externa. Além disso, a solidariedade para com o povo ucraniano leva a uma debandada de empresas multinacionais do seu território. Mas os efeitos, destas medidas terão um impacto global ao nível de uma qualquer guerra mundial. Desde logo na Rússia e na Ucrânia, com um impacto direto na vida dos dois povos que semeará a morte, o desemprego, a fome e a miséria e, por outro lado, o efeito ‘bumerangue’ destas medidas, com impactos sociais e económicos brutais, nomeadamente com a inflação a disparar os preços dos combustíveis e energia por conseguinte aumentando o custo de vida de forma global. 

Este é o momento de grande reflexão do mundo e em particular da Europa, que exige dos seus líderes, medidas corajosas e pragmáticas para estancar a sangria social. A Ucrânia não é assim tão longe quanto isso. Os efeitos são reais e muito mais próximos do que imaginamos. Nos países que não tem partidos comunistas, ou que os seus governos não fazem acordos com os diabos vermelhos, já se discute as mudanças necessárias na política externa, de uma nova estratégia para a NATO e um novo olhar para a defesa nacional. Em Portugal o silêncio é sintomático de um Governo acomodado e sem visão. Ainda esta semana assistimos ao ‘flop’ governativo que são os Autovoucher. O Governo obviamente, que tem à sua disposição, um método mais fácil para aliviar a carteira dos portugueses e das empresas que seria simplesmente reduzir a carga fiscal sobre os combustíveis.

A Polónia aprovou uma medida temporária de reduzir o IVA dos combustíveis para 8%, e de isentar nos alimentos essenciais. Medidas ‘anti-inflação’ que apoiam, respondem e ajudam as famílias e as empresas.

A liberdade não é apenas uma questão da guerra, começa nas liberdades individuais, sobretudo quando vivemos acorrentados a um estado que não nos permite viver em liberdade fiscal.