Procura elevada às urgências. Infeções respiratórias aumentam e poeiras agravam risco

Urgências estão a registar um aumento de infeções respiratórias, com procura agora ao nível dos invernos antes da covid-19. Poeiras são um fator de risco acrescido para os mais vulneráveis. 

As urgências dos hospitais estão a registar um aumento de doentes com diagnóstico de infeção respiratória. De acordo com a monitorização do Ministério da Saúde, que o i consultou, a subida tem sido mais notória desde o início de março, o que coincide com o novo aumento de infeções por SARS-COV-2 e também a maior circulação do vírus da gripe.

Diariamente tem havido mais de mil casos diagnosticados nas urgências como episódios de infeção respiratória, o que já não acontecia desde a última época gripal normal antes do aparecimento dos primeiros casos de covid-19 em março de 2020 e das medidas que se seguiram.

Nas urgências, nota-se igualmente um aumento da procura, com perto de 20 mil pessoas a recorrer diariamente aos hospitais, quando durante a pandemia a afluência às urgências, no caso da covid-19 recomendadas apenas em situações graves, reduziu substancialmente. Ao longo dos últimos meses tem havido uma recuperação e a procura está agora em níveis idênticos ao que costumava acontecer nos invernos, com a afluência dos últimos dias, a par do que se verificou em outubro, a a tornar-se o segundo momento de maior atendimento nas urgências nos últimos dois anos.

Na semana passada, Ana Paula Rodrigues, responsável pela vigilância de vírus respiratórios do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, admitiu ao Nascer do SOL que o país poderá viver uma epidemia de gripe esta primavera, com maior circulação do vírus decorrente do levantamento das restrições da covid-19 que praticamente eliminaram a gripe dos radares nos últimos dois anos e menor imunidade por ter havido menos contacto com a gripe nos últimos dois anos.

Há um motivo de alerta: a circulação da gripe, vigiada pelo INSA, tem sido dominada por vírus influenza do tipo A distintos dos que os que foram usados nas vacinas administradas no outono contra a gripe, o que levou a responsável da INSA a reforçar o alerta para precauções como evitar grandes ajuntamentos e manter a etiqueta respiratória, nomeadamente por parte de quem é mais vulnerável, idosos e doentes crónicos, e por quem contacta com pessoas nestas condições.

Alerta que esta semana tem estado a ser reforçado devido à elevada concentração de poeiras no ar, provenientes do Saara, num fenómeno que começou por atingir a Península Ibérica e avançou pela Europa. Segundo a monitorização da Agência Portuguesa do Ambiente, a qualidade do ar tem estado má na maioria das estações de medição.

A Sociedade Portuguesa de Pneumologia aconselhou esta quarta-feira os doentes asmáticos a minimizarem a exposição ao ar livre por causa das poeiras vindas do Saara e, em caso de fazerem a chamada terapêutica de SOS, reforçar a utilização.

A comissão de trabalho de Alergologia Respiratória da Sociedade Portuguesa de Pneumologia recomendou ainda que, em caso de agravamento das queixas respiratórias com má resposta às terapêuticas, os doentes devem entrar em contacto com os cuidados de saúde (local habitual de seguimento ou a Linha Saúde 24 – 808 24 24 24), reforçando os cuidados que já tinham sido aconselhados pela Direção Geral da Saúde: minimizar a exposição e o exercício ao ar livre e evitar a exposição a fatores desencadeantes dos sintomas e/ou irritantes brônquicos – pós, fumo de tabaco ou outros, produtos irritantes e alérgenos específicos. 

Segundo as previsões do IPMA, a nuvem de poeiras deverá manter-se pelo menos ao longo do dia de hoje.