Embaixador russo na Bósnia-Herzegovina ameaça “responder” caso Saravejo decida juntar-se à NATO

O diplomata rejeitou as acusações feitas que apontam para uma tentativa da Rússia de destabilizar o país, classificando-as como “mentiras” e realçando que a operação militar na Ucrânia constitui uma “missão de paz” para “acabar com o nazismo”.

Igor Kalabujov, embaixador da Rússia na Bósnia-Herzegovina, disse esta quinta-feira que poderia seguir o "exemplo ucraniano" e responder caso Saravejo decidisse aderir à NATO, uma opção que Moscovo disse ver como uma "ameaça".

"Seguindo o exemplo da Ucrânia temos demonstrado o que esperamos. Se existir alguma ameaça, vamos reagir", disse o diplomata em declarações à FTV, cadeia televisiva bósnia, salientando, contudo, que Moscovo não possui qualquer plano em relação ao país, e insistindo que reagirá "com base na análise da situação geopolítica".

Assim, Kalabujov considerou que quem está a ameaçar a Bósnia-Herzegovina é o Ocidente, reafirmando que a Rússia "não está a preparar um plano a esse respeito".

"Não temos nenhum plano. Responderemos quando for necessário atendendo à situação", disse o embaixador que sublinhou que não existe consenso sobre a adesão do país à Aliança Atlântica.

Igor Kalabujov referia-se à rejeição de uma adesão pela liderança política dos sérvios bósnios, liderados por Milorad Dodik, opondo-se esse a um eventual processo de integração na organização militar ocidental.

O diplomata rejeitou as acusações feitas que apontam para uma tentativa da Rússia de destabilizar o país, classificando-as como "mentiras" e realçando que a operação militar na Ucrânia constitui uma "missão de paz" para "acabar com o nazismo".

"Não estamos em guerra com a Ucrânia (…). Para nós, é uma operação militar", disse.

Ao reagir a estas declarações, o presidente da presidência colegial tripartida da Bósnia-Herzegovina, o croata bósnio Zeljko Komsic, considerou-as "uma ameaça" para o país.

"A mensagem do embaixador é inaceitável para a Bósnia-Herzegovina", considerou Komsic, que indicou ainda que a decisão de adesão à NATO pode apenas ser decidida pelas instituições centrais, não devendo esta constituir "um motivo para atacar" o país.

Recorde-se que a Bósnia-Herzegovina e a Geórgia são os dois únicos países contemplados com um plano de ação nesta área, sendo ambos designados como "países aspirantes" para se juntarem à NATO.