O último adeus a Fábio Guerra. Polícia de luto junta-se na Covilhã

Corpo foi escoltado pela PSP até à terra natal do jovem, que será homenageado num novo programa de policiamento de proximidade em zonas de diversão noturna, um dos últimos atos de Van Dunem no MAI.

Cinco dias depois de ter sido vítima das agressões que conduziram à sua morte, o polícia Fábio Micael Serra Guerra, agente da Polícia da Polícia de Segurança Pública, terá a sua última despedida esta quinta-feira. O corpo do jovem de 27 anos foi transladado ontem do Instituto de Medicina Legal em direção ao Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, em Moscavide, e daí partiu para Covilhã, sempre escoltado pela PSP. Debaixo de chuva e com aplausos de civis e de polícias de luto, a solene guarda de honra marcou a emotiva despedida e uma multidão recebeu o cortejo na Covilhã.
“O velório na Covilhã será reservado aos familiares do nosso camarada falecido”, informou a polícia, sendo que a missa terá lugar hoje no pelas 10h30 na Igreja na Rua dos Penedos Altos. 

Francisca Van Dunem já tinha assegurado que Fábio teria um funeral digno e ontem, num dos seus últimos atos como governantes, avançou com uma medida imediata na sequência dos desacatos à porta da discoteca de Lisboa que resultaram nas agressões brutais e fatais para o jovem polícia. A ministra da Administração Interna, que deixa o Governo e será substituída na pasta que acumulava com a Justiça desde a saída de Eduardo Cabrita por José Luís Carneiro, determinou a criação de um Programa Especial de Policiamento de Proximidade para a promoção da segurança, paz e tranquilidade públicas e prevenção da criminalidade nas zonas de diversão noturna. Programa que terá o nome de Fábio Guerra e dá resposta às queixas ouvidas no setor da noite sobre a falta de patrulhas de prevenção.

Como o i noticiou, tudo terá acontecido quando um grupo, onde estavam alguns fuzileiros, abandonou a discoteca Mome, tendo um deles sido imediatamente agredido por elementos de outro grupo que estavam no exterior e que não estiveram nessa noite no interior da discoteca. Esta informação foi avançada por um funcionário da noite, que acrescentou que o conflito tido início nas Escadinhas da Praia, provavelmente na discoteca Plateau ou no seu exterior. 

“Já o vi no chão sem se mexer e o INEM a chegar” “A noite é o patinho feio, mas tudo temos feito para não deixar repetir erros do passado. Como se pode culpar empresários que nada têm a ver com cenas de violência que ocorrem na via pública?”, questionou João Magalhães, responsável do Mome. Contactado posteriormente, Miguel (nome fictício), um funcionário do estabelecimento, foi ao encontro da perspetiva de João Magalhães.

“Já o vi no chão sem se mexer e o INEM a chegar. E muita gente lá fora a dizer que ele estava morto. Uma miúda minha amiga estava em pânico porque viu algo assim pela primeira vez. É traumático, confesso, mas são muitos anos disto e já não me afeta como antes”, sublinha. “Pelo que sei, ele levou mesmo muito. Por isso é que ficou com lesões cerebrais tão graves. Aquilo que me revolta é que as pessoas estão a falar mal do Mome e seguranças quando os envolvidos são polícias e militares”.

Fuzileiros em prisão preventiva As investigações decorrem e ontem ao final do dia foi conhecida a medida de coação decretada aos dois fuzileiros suspeitos das agressões, retidos pela Marinha desde sábado e que acabaram por ser detidos na segunda-feira à noite: vão ficar em prisão preventiva. Ouvidos pelo juiz Carlos Alexandre, terão assumido que participaram na rixa e que deram murros, mas negam ter pontapeado o agente da PSP na cabeça, a versão que já tinha sido contada no inquérito interno levado a cabo pela Marinha.

Ao que o i apurou, a versão dos fuzileiros desde a primeira hora é que reagiram a uma primeira investida de Fábio, não tendo pontapeado o jovem quando este já estava caído. Entretando tinha sido detido mais um civil, já libertado.  

Além do inquérito que já estava em curso na Marinha e da investigação da PJ, o despacho de Francisca Van Dunem determina “à Direção Nacional da PSP a abertura de um inquérito para apurar os factos relativos ao falecimento do agente Fábio Guerra, com vista à decisão sobre a atribuição de compensação especial por morte aos herdeiros”, sendo que a dirigente “determinou ainda a condecoração, a título póstumo, do agente Fábio Guerra com a Medalha de Serviços Distintos de Segurança Pública”.

Neste despacho,Van Dunem frisa que o “agente Fábio Guerra acabou por falecer na sequência de um ato de generosidade, ao tentar restaurar a paz pública e revelando um superior sentido de missão, merecendo por esse motivo o devido reconhecimento público espelhado, nomeadamente, nestas três ações”.