São Jorge com nível elevado de alerta vulcânico

As fajãs do concelho de Velas estão interditas e a população deve abandoná-las entre as 00h00 de sábado e as 23h59 de segunda-feira.

«Não há razão alguma para alterar o alerta sismovulcânico de V4. Há, por isso, nessa matéria estabilidade». Foi esta a declaração principal do presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, numa conferência de imprensa depois da realização de uma reunião com o presidente da Câmara Municipal de Velas, Luís Silveira, e com o presidente do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), Rui Marques, nesta sexta-feira.

O líder do Executivo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM) explicou que o «planeamento», na eventualidade da ocorrência de um possível sismo de maior magnitude ou de uma erupção vulcânica, está a decorrer com a «máxima proficiência» e declarou que está a ser levado a cabo igualmente um «reforço de meios» para a ilha na área da saúde, que integrará quatro médicos, cinco enfermeiros e um psicólogo. Estes profissionais de saúde vão «assegurar transitoriamente» que o centro de saúde da Calheta, vila para onde muitos habitantes estão a ser transportados, funcione «24 horas sem interrupção».

«Relativamente às Fajãs, o despacho é bem claro. São todas as fajãs e só as Fajãs do concelho de Velas […]. As Fajãs toponimicamente assim identificadas. Não se trata de uma questão de orografia, mas sim de toponímia e que é do perfeito conhecimento de toda a população», adiantou o dirigente, enquanto Luís Silveira, por sua vez, frisou que a eventual evacuação de todo o concelho está «preparada».

«Em termos de evacuação total do concelho por freguesia, e são seis freguesias do concelho de Velas, estão definidos os corredores e os caminhos que cada uma das freguesias deve percorrer, até aos edifícios que vão rececionar em primeira instância a população», esclareceu o autarca, avançando que em caso de erupção ou de um sismo de maior magnitude, a população não ficará realojada nos «pontos de receção».

«Esses pontos de acolhimento no concelho da Calheta já estão preparados e dotados dos meios necessários para essa receção, nomeadamente com bens alimentares de primeira necessidade, água, etc. […] Não quer dizer que serão nesses locais que as pessoas serão realojadas. Esses são os pontos de receção no concelho da Calheta», indicou, sendo que, no seu site oficial, assim como na página de Facebook, o município de Velas partilhou os «pontos de referência» (para as pessoas que precisam de transporte), os «pontos de receção» (os destinos finais) e os «caminhos de referência» aos quais os habitantes devem recorrer em caso de ordem para evacuação das freguesias de Manadas, Urzelina, Santo Amaro, Velas, Norte Grande e Rosais.

Sabe-se que esse «alerta de evacuação será transmitido através da rádio local, das redes sociais das entidades competentes e também através dos sinos das igrejas» e já foram recomendadas outras medidas de prevenção, como é possível ler-se no site: «Tenha um kit de emergência pronto (muda de roupa, água, medicamentos necessários, documentos, lanterna e outros artigos fundamentais; privilegie a evacuação pelos seus próprios meios, utilize as vias identificadas até ao Concelho da Calheta; caso não disponha de meio de transporte próprio, deverá dirigir-se ao ponto de referência da sua Freguesia, ser-lhe-á garantido transporte pelas Entidades Competentes» e «importa salientar que se trata de medidas preventivas, devendo a População manter a calma e as suas rotinas diárias. Acompanhe os comunicados e informações das entidades competentes, sendo estes os fidedignos, evitando-se contrainformação».

Importa referir que, indo ao encontro da informação que já havia sido transmitida, o município de Velas, em comunicado divulgado ao início da tarde de ontem, deixou claro que, «com base na crise sismovulcânica, aliada às condições meteorológicas que se fazem sentir, estão as Fajãs do Concelho de Velas interditas, bem como deve a população abandonar a permanência nas mesmas entre as 00h00 de sábado e as 23h59 de segunda-feira».

Os dados provisórios dos Censos 2021 apontam que a ilha de São Jorge – que sofreu, juntamente com as ilhas do Faial e do Pico, um sismo de magnitude 5,6 na escala de Richter a 9 de julho de 1998, que provocou a morte de 8 pessoas, todas no Faial, e o desalojamento de 1700 – tem 8.373 habitantes, dos quais 4.936 no concelho das Velas e 3.437 no concelho da Calheta.

Desde o início da crise sismovulcânica em São Jorge, nos Açores, cerca de 1.250 pessoas já abandonaram a ilha, por via marítima e aérea.