São Jorge. Visita-relâmpago de Marcelo em clima de ansiedade

Presidente visitou ontem a ilha de São Jorge, nos Açores.A alta atividade sísmica registada nos últimos dias já levou cerca de 2.500 pessoas a fugir do concelho de Velas.

Foi num contexto de incerteza e ansiedade que o Presidente da República fez ontem uma ‘visita-relâmpago’ a São Jorge, onde se reuniu com José Manuel Bolieiro, presidente do Governo Regional dos Açores. Nos últimos dias registaram-se na ilha açoriana “cerca de 197 sismos sentidos pela população”, seis dos quais entre as 22h00 de sábado e as 10h00 de domingo, avançou o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA). Marcelo Rebelo de Sousa pretendeu com a sua visita, além de oferecer algum conforto à população, recolher informação sobre os acontecimentos na ilha e os perigos associados, que já motivaram a saída de cerca de 2.500 pessoas do concelho de Velas, desde o início da crise sísmica, segundo avançou o autarca desse concelho, Luís Silveira à Lusa. Dessas, 1.500 deixaram mesmo a ilha, por via marítima e aérea, optando as restantes por ir para o concelho da Calheta.

A ilha, que já registou mais de 14 mil sismos desde o dia 19 de março, está com o nível de alerta vulcânico V4, que significa ‘ameaça de erupção’, de um total de sete, em que V0 significa ‘estado de repouso’ e V6 ‘erupção em curso’. O registo fora do comum representa mais do dobro de todos os sismos registados no arquipélago dos Açores em 2021. Os abalos não tinham causado, até à hora de fecho desta edição, qualquer estrago.

“As pessoas têm que ultrapassar inibições e perceber que está tudo a ser feito e que é uma situação de tranquilidade”, dizia o chefe de Estado a jornalistas, em Vila Viçosa, no distrito de Évora, ainda antes da ‘visita-relâmpago’ aos Açores. Desde Beja, o Presidente da República viajou de avião para a ilha do Pico, onde apanhou um helicóptero que o transportou até São Jorge. “Irei, a pedido do Governo, com a secretária de Estado da Proteção Civil, que tem estado a apoiar aquilo que, porventura, seja necessário fazer. Até agora, não tem sido necessário fazer nada, porque a situação está sob controlo”, anunciou o Presidente da República na noite de sábado. Deixou também um elogio a José Manuel Bolieiro, que “tem garantido a tranquilidade”, salientando o facto de o presidente Regional ter estado na ilha duas vezes na última semana, pernoitado lá.

“Mais vale pecar por excesso” Já nos Açores, Marcelo Rebelo de Sousa deixou palavras de tranquilidade e serenidade à população. “Nós estamos numa sociedade livre, cada um faz o que entende que deve fazer, porque a reação de cada qual é a reação de cada qual e parece-me que, perante aquilo que eu vi ate agora, a palavra a dar é de serenidade e tranquilidade”, disse em declarações aos jornalistas, garantindo que “mais vale pecar por excesso do que por defeito”, em reação às medidas tomadas pelo Governo Regional dos Açores. “Eu diria primeiro que a reação mais óbvia e mais natural é as pessoas manterem a serenidade, manterem a tranquilidade, acreditarem nos especialistas que sabem desta matéria e estão a acompanhar e são os primeiro que, ao primeiro sinal que surja que obrigue de facto a um determinado comportamento das populações, dirão aos governantes e os governantes transmitirão”, concluiu o chefe de Estado.

Já Bolieiro fez um apelo à população: “Se acontecer qualquer alteração das circunstâncias, estaremos cá, com a vigilância máxima que estamos a assegurar, desde logo com o acompanhamento científico do CIVISA, e serão feitos os devidos alertas”, afirmou, após o briefing diário de coordenação da Proteção Civil.