Bebé palestiniana morre após tratamento ter sido adiado devido ao bloqueio de Israel a Gaza

Pai da criança explicou que Fátima faltou a duas consultas, uma em dezembro e outra em fevereiro, para o tratamento no hospital al-Makassed de Jerusalém, por terem dito que o caso do bebé está “sob revisão” pela Administração de Coordenação e Ligação (CLA), a autoridade israelita que trata das autorizações de viagem palestinianas.

Fátima al-Masri, uma bebé de 19 meses a quem foi diagnosticado no ano passado um buraco no coração, morreu esta sexta-feira, em Gaza, na Palestina, depois de esperar cinco meses para que Israel lhe desse autorização para poder sair do bloqueio e viajar para poder realizar o tratamento.

"Eu amava-a do fundo do meu coração. Quem me dera ter morrido também", disse Jalal al-Masri, o pai de Fátima, citado pelo The Guardian. "Diziam sempre que o pedido estava 'sob revisão, sob revisão' e depois ela morreu. Pareceu que também eu tinha morrido sem a Fátima na minha vida. Nada quebra mais uma pessoa do que perder o seu filho".

O pai da criança explicou que Fátima faltou a duas consultas, uma em dezembro e outra em fevereiro, para o tratamento no hospital al-Makassed de Jerusalém, pela Administração de Coordenação e Ligação (CLA), a autoridade israelita que trata das autorizações de viagem palestinianas, ter dito que o caso estava "sob revisão". 

"Estamos sob bloqueio. Não compreendo como Israel me pode enviar esta mensagem sobre o seu caso estar a ser revisto. Se Israel quisesse enviá-la sozinha para tratamento, então enviem-na", vincou ainda Masri.

O Centro Al Mezan para os Direitos Humanos, uma ONG palestiniana, chamou à atenção do caso de saúde de Fátima quando Masri se queixou em fevereiro, exortando Israel a emitir a licença a tempo de a levar para a al-Makassed na semana após a consulta, antes de o hospital retirar um paciente da sua lista.

"Al Mezan lamenta profundamente a morte de Fátima e condena veementemente o encerramento em curso de Israel na Faixa de Gaza e as restrições associadas à circulação de palestinianos, o que inclui negar aos doentes o acesso aos hospitais da Cisjordânia, Jerusalém Oriental, Israel e no estrangeiro", disse a ONG, em comunicado.

Israel aprovou 69% dos pedidos de licenciamento de doentes em Gaza no mês de fevereiro, mas 56% dos pedidos de acompanhantes a doentes não foram respondidos a tempo das consultas, de acordo com o relatório mensal da Organização Mundial de Saúde (OMS).