Carvalho, o “herói” da baliza sportinguista na final da Taça das Taças

O mítico guarda-redes do Sporting, que defendeu a baliza leonina na final da Taça das Taças em 1964, contra o MTK Budapest, morreu ontem, aos 84 anos. 

O futebol nacional – com especial destaque para o Sporting – está de luto por Joaquim Carvalho, o guarda-redes que ficou para sempre imortalizado pela sua participação na final da Taça das Taças, na temporada 1963/64, bem como no Mundial de 1966, um dos mais icónicos da história do futebol português, em que se contavam na seleção nacional ‘craques’ como Eusébio, Coluna, António Simões e José Augusto.

“As lágrimas são o caudal das emoções. Esta frase vem-me sempre à cabeça quando um dos meus amigos parte para o além. Porque, nesses momentos choro, ao saber da morte dos meus amigos mais íntimos.”

Assim reagiu, ao i, Pedro Gomes, que acompanhou Carvalho na final da prova europeia, em 1964, onde foi “um enorme herói”, pois “fechou com confiança as balizas na finalíssima de Antuérpia e graças a ele vencemos a grande e única prova europeia de futebol”.

Carvalho era, descreve Gomes, “um jogador íntegro, sério e honesto, um grande profissional”. “Que descanse em paz este grande e leal companheiro”, concluiu.

“O Sporting Clube de Portugal manifesta o seu pesar pela morte de Joaquim Carvalho, aos 84 anos de idade. Joaquim da Silva Carvalho chegou ao clube em 1958 e na temporada de 1961/62 passou a ser o detentor da camisola n.º 1, conquistando o seu primeiro título de campeão nacional de futebol”, lê-se numa nota divulgada pelo Sporting, em que dá conta da morte do craque, natural do Barreiro, que tinha 84 anos.

Foi nessa cidade da margem Sul, aliás, que o guarda-redes iniciou a sua carreira, no Luso, rumando ao Sporting em 1958. Por lá ficou durante 12 anos, marcando presença num dos jogos mais memoráveis da história dos ‘leões’ – a vitória na final da Taça das Taças, em 1964, palco do mítico golo de Morais de canto direto que deu a vitória ao Sporting e, por consequência, o único título europeu da história do emblema de Alvalade. Um canto direto que ficou para sempre nos anais do futebol português, e sobre o qual Carvalho falou, 50 anos depois. Durante um evento celebratório do 50.º aniversário dessa conquista, o guarda-redes confessou aos jornalistas uma conversa prévia com Morais. “Era colega de quarto na noite que dormimos cá e disse-me que tinha sonhado que ia fazer o canto direto que já tinha feito e que íamos ganhar”, disse.

Mas este não foi o único troféu conquistado por Carvalho aquando da sua passagem pelo Sporting. O guarda-redes conquistou, também, uma Taça de Portugal (1962/63), bem como três Campeonatos Nacionais (1961/62, 1965/66 e 1969/70). A sua carreira como guarda-redes acabou no Atlético, em 1971/72.

Em termos de internacionalizações, Carvalho representou a seleção nacional em seis ocasiões, entre as quais o confronto com a Hungria, no primeiro jogo da fase de grupos do Mundial de 1966, em que os portugueses venceram por 3-1. “A história do futebol português tem sido construída por muitos nomes de excecional valia como Carvalho. À família, aos amigos e ao clube que representou durante tantos anos dirijo uma palavra de conforto”, disse Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, em reação à morte do guarda-redes.

“Lamento profundamente o desaparecimento de Joaquim Carvalho, internacional português que marcou presença na primeira participação da seleção nacional no campeonato do mundo, em 1966, integrando a célebre equipa dos ‘Magriços’. Foi um guarda-redes de enormes atributos, um gigante na baliza, que cumpriu uma carreira notável ao serviço do Sporting, no qual, além de títulos nacionais conquistou a Taça dos Vencedores das Taças”, concluiu.