Moreira da Silva avança com candidatura para ser alternativa

Afinal, Montenegro vai ter concorrência. Com Ribau de fora, o ex-ministro do Ambiente de Passos Coelho vai entrar na corrida à liderança do PSD.

O ex-ministro do Ambiente e antigo líder da JSD vai candidatar-se à liderança do PSD. Jorge Moreira da Silva, que desde 2016 é diretor-geral de Desenvolvimento e Cooperação da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), já confidenciou ao seu círculo mais próximo que vai a jogo para disputar com Luís Montenegro as eleições de 28 de maio que vão decidir o sucessor de Rui Rio.

Sabe o i que Moreira da Silva está a preparar a saída do cargo que ocupa há seis anos na OCDE, em Paris, propondo-se a avançar na corrida para ser uma “alternativa” ao antigo líder parlamentar dos sociais-democratas.

As candidaturas à presidência do PSD têm de ser oficializadas até 18 de maio e Moreira da _Silva reservou-se para dia 14 de abril fazer uma declaração pública sobre esta matéria, justificando que até essa data estará concentrado “enquanto diretor da Cooperação para o Desenvolvimento na OCDE”.

Com Ribau Esteves e Miguel Pinto Luz de fora, o ex-governante será o segundo candidato anunciado à sucessão de Rio, depois de Montenegro ter formalizado na quarta-feira a candidatura à liderança do PSD. Esta será também a primeira candidatura de Jorge Moreira da Silva à presidência dos sociais-democratas, ao contrário de Montenegro, que vai disputar o cargo pela segunda vez, depois de não ter tido êxito contra Rio Rio.

Nas últimas diretas, em novembro do ano passado, o antigo ministro de Pedro Passos Coelho ainda ponderou avançar contra o eurodeputado Paulo Rangel, mas acabou por não o fazer depois de o ainda presidente do PSD, Rui Rio, ter confirmado uma recandidatura.

Além de liderar o secretariado do Comité de Ajuda ao Desenvolvimento da OCDE, e preside à Plataforma para o Crescimento Sustentável, que fundou há dez anos e que reúne cerca de 500 pessoas de diversos quadrantes.

Foi líder da Juventude Social-Democrata (entre 1995 e 1998), deputado, eurodeputado, e primeiro vice-presidente do PSD, durante a liderança de Pedro Passos Coelho, tendo ficado no seu Governo à frente das pastas do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia.

Em novembro de 2020, defendeu a realização de um congresso extraordinário do PSD, tendo em vista clarificar a estratégia de “coligações e entendimentos” da direção de Rui Rio. Na altura, também apontou o dedo à “traição” aos valores do partido pela solução governativa nos Açores, com o Chega.

 

A oposição implacável de Montenegro

Numa altura em que muitos consideram que o próximo líder do PSD está condenado a uma oposição muda contra uma maioria absoluta, Montenegro projetou a sua candidatura à liderança do PSD para “ser primeiro-ministro”, prometendo ser “implacável”. No primeiro ato público de apresentação da candidatura, recuperou o aviso de Marcelo a Costa, como pretexto para alimentar os ânimos nas hostes sociais-democratas.

“Portugal precisa de uma oposição responsável e pronta a governar a qualquer momento. Como bem lembrou o Presidente da República, o cenário de eleições antecipadas será inevitável caso o primeiro-ministro ceda à sua tentação pessoal e europeia”, afirmou na quarta-feira, na sede nacional do partido, defendendo que Portugal “reclama uma oposição determinada e uma alternativa corajosa”.

Apesar de ser candidato a um mandato de dois anos, o antigo deputado concebe a sua eventual liderança para um horizonte mais longo: “Não nos assustam maiorias absolutas nem mandatos longos. Seremos eficazes na oposição para um dia sermos eficientes no Governo.”