Santos Silva interrompe e repreende Ventura e é aplaudido de pé

Moção do Chega chumbada sem surpresas, mas houve 81 abstenções. Sessão fica marcada por incidente entre Ventura e presidente da Assembleia.

Santos Silva interrompe e repreende Ventura e é aplaudido de pé

A moção de rejeição ao Programa do Governo, apresentada pelo Chega, foi chumbada, esta sexta-feira, na Assembleia da República.

Como já era previsto, apenas os doze deputados da bancada do partido, liderado por André Ventura, votaram favoravelmente à moção.

Os resultados foram anunciados pelo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, que indicou que 133 deputados votaram contra, 81 abstiveram-se e os 12 membros eleitos do Chega votaram a favor.

O debate de hoje, o segundo dia de debate do programa do Executivo de António Costa, ficou ainda marcado pela troca de palavras entre André Ventura e Augusto Santos Silva.

O líder do Chega foi interrompido pelo presidente da Assembleia da República quando discursava, criticando a comunidade cigana, referindo-se ao caso do agente da PSP que foi morto junto a uma discoteca.

"O que nós não compreendemos é que a comunidade cigana sempre esteja tão pronta para ser aplaudida por este parlamento", afirmou Ventura, lamentando não ver notícias de "que os ciganos agrediram a GNR no Alentejo ou os bombeiros", disse Ventura, e defendeu: "esta capacidade de dizer que sim à comunidade cigana tem que acabar em Portugal".

“Há um cigano fugido noutro país depois de ter morto um PSP e que o patriarca da comunidade cigana diz que no seu modo, no seu tempo o entregará à justiça", acrescentou, usando ainda a expressão "paraíso de impunidade".

Foi então que Santos Silva o interrompeu, sublinhando que "não há atribuições coletivas de culpa em Portugal". Seguiram-se aplausos de quase todo o hemiciclo, alguns de pé, à exceção da bancada do Chega.

"Solicito-lhe que continue livremente a sua intervenção, como é seu direito, respeitando este princípio", acrescentou Augusto Santos Silva.

Ventura retomou a sua intervenção, dizendo que não aceitava que "nenhum outro deputado ou presidente da Assembleia” limitasse a sua intervenção, seguiram-se palmas agora da sua bancada.

"Eu vou continuar a usar a expressão 'ciganos' sempre que tiver que usar e o senhor presidente, no seu direito, sancionará quando tiver que sancionar, sabendo que eu nunca deixarei de dizer aquilo em que acredito, em que milhões de portugueses acreditam", acrescentou.