Após a batalha de Kiev, prepara-se a ofensiva de Donbass

Os ucranianos esperam maior ajuda militar da NATO, mas pode não ser tão fácil como parece.

O Kremlin pode ter saído derrotado da batalha de Kiev, mas mobiliza as suas forças para a batalha pelo Donbass. O Governo da Ucrânia iniciou a evacuação do leste, bem consciente que as tropas russas que retiraram do norte de Kiev, de Cherniiv e Sumy não voltaram a casa. Tudo indica que estão a recuperar forças, reorganizar e a preparar uma investida contra o que ainda controlam das regiões de Donetsk, Lugansk, mas também Kharvik, de onde os civis já começaram a ser retirados.

Analistas apontam que, após as tentativas russas de quebrar as forças ucranianas com ataques simultâneos em várias frentes, manobrando de maneira avançar sobre a retaguarda do inimigo, contornando os focos de resistência, agora Moscovo quer concentrar as suas forças. Este conflito tem tudo para virar uma longa guerra de atrito, com bombardeamentos maciços e assaltos frontais no Donbass. A dúvida é quem ganhará vantagem no longo prazo.

Por um lado, enquanto o Kremlin acelera os seus esforços de recrutamento e aguarda a chegada de mercenários sírios, as forças russas bem precisam de descansar, após sofrerem perdas brutais. O Kremlin só reconhece ter sofrido 1 351 baixas, mas as estimativas da NATO andam entre os sete mil e os 15 mil, números comparáveis aos mortos soviéticos durante dez anos de guerra no Afeganistão.

Por outro, a Ucrânia conta com uma população mobilizada, há mais gente com vontade de combater que armas, ganhar tempo para estes recrutas inexperientes treinarem pode ser essencial. E o corredor por onde entra o armamento enviado pela NATO, sobretudo através da Polónia – ainda assim, pode não ser fácil o Governo ucraniano repor o seu arsenal.

O problema é que os armazéns militares da nato estão quase a ficar sem munições para armas de modelo soviético, aquelas que os militares ucranianos foram treinado para usar. Estão a sofrer de escassez de munições de 152mm para artilharia de longo alcance, por exemplo, gastando enormes quantidades delas para responder ao fogo russo contra as suas cidades. O problema é que a NATO utiliza calibre 155mm.

«Os ucranianos estão a ficar sem munições de 152mm. Onde é que as vão buscar?», Chris Donnelly, antigo conselheiro da NATO, ao Financial Times, numa altura em que a corrida para armar a Ucrânia antes da ofensiva contra Donbass comece. «Ninguém no Ocidente as usa ou produz sem ser os sérvios – e eles estão do lado da Rússia».