“365 dias que mudaram as nossas vidas”: a exposição de Clara Azevedo que retrata um tempo incomum

Clara Azevedo fotografou e documentou, durante 356 dias, a começar no dia 18 de março de 2020, a “memória de um tempo desconhecido e imprevisível” que Portugal viveu devido à pandemia da covid-19. A exposição dura até 5 de maio, de segunda a sábado, das 15h00 às 20h00.

A exposição "365 dias que mudaram as nossas vidas", da fotógrafa Clara Azevedo, foi inaugurada, este quinta-feira, na Galeria de Santa Maria Maior, e apresenta uma seleção de 29 fotografias, com a curadoria de Rogério Cruz d’Oliveira, sobre a pandemia de covid-19.

Clara Azevedo fotografou e documentou, durante 356 dias, a começar no dia 18 de março de 2020, a "memória de um tempo desconhecido e imprevisível", diz no comunidado enviado ao Nascer do Sol. O projeto deu origem a um livro, publicado pelo INCM, que conta com prefácio escrito pelo Primeiro-ministro, António Costa.

“Ao folhear este diário fotográfico da Clara Azevedo o que está omnipresente é o vazio. O vazio que a pandemia trouxe às nossas vidas e que ocupa todo o campo da imagem, sobrepondo-se aos objetos, às pessoas, à paisagem. Temos obviamente a imagem dos profissionais de saúde a lutar para salvar vidas, por vezes – muitas vezes, por certo – com o olhar da desesperança de já́ ser tarde de mais, os cemitérios onde tantos encontraram a solidão eterna. Mas este é sobretudo o diário da vida comum num tempo incomum. Um tempo de vazio. Em cada uma da fotos o que está mais presente é o que está ausente", lê-se no comunicado. 

"Estávamos a poucos dias da Primavera, quando o país entrou em modo “pausa”, consequência de um vírus que parecia tão distante. No dia 18 de março de 2020 decidi fazer um diário, que seria a minha ligação à nova realidade, partilhada no Instagram. A terapia para os dias da pandemia era a fotografia, memória e documento. Vivi a incerteza de cada dia, na rua, em casa, no meu trabalho. Tudo fechou, mesmo o espaço aéreo. Percorrer a Avenida da Liberdade, em Lisboa, sem ver um carro ou encontrar alguém, era quase impensável, mas real", descreve Clara Azevedo.

"A cidade estava adormecida, em silêncio absoluto. Ouvia o vento e os pássaros, que desconheciam esta paragem do tempo. Gestos simples eram ruído, cada disparo das minhas máquinas fotográficas era perturbador. Pensei como seria perfeito se as fotografias tivessem som…registassem o silêncio. Passou um ano, as fotografias deste diário são o meu estado de alma, quer estivesse a fotografar o Primeiro-Ministro no seu dia-a-dia, ou a registar o que acontecia à minha volta. Guardei a memória desses 12 meses numa pasta a que dei o nome 365 – não é um código, mas sim um reminder de um tempo recente que mudou as nossas vidas …para sempre", diz ainda. 

Clara Azevedo é natural de Lisboa e estudou Design no IADE – Creative University, e fotografia no AR.CO. Foi fotojornalista no Nascer do Sol e também no semanário Expresso e, desde 1996, iniciou um percurso como fotógrafa independente. Os seus projetos já deram origem a 14 livros. Atualmente, é a fotógrafa oficial de António Costa. 

A exposição dura até 5 de maio, de segunda a sábado, das 15h00 às 20h00.